segunda-feira, 16 de julho de 2012

“CONHECENDO O CONHECIDO”

(publicado aos 13.11.1990 no jornal "Gazeta", do saudoso diretor Osmar Rodrigues dos Santos, editado em Itapetininga). 

"Perder eleição, no âmbito partidário, para mim, é coisa corriqueira. É como tomar o meu chimarrão todas as manhãs, conversar com "amigos" ou fazer alguns negócios. 
Apesar de ser político por descendência, ainda não aprendi a fazê-lo nos moldes convenientes à eleição. 
Desta vez, eu fui longe; candidatei-me a deputado estadual. Uma experiência que não tinha me atrevido. Atrevido eu fui, deveras, porque agi como se estivesse jogando uma partida de xadrez entre amigos, sem aquele interesse, como o que demonstra o jogador profissional numa partida de pif - paf, por exemplo, onde o dinheiro corre solto. 
Fui praticamente conhecer o que já conhecia: perder a eleição.
Comecei errado quando admiti fazer parte de uma legenda que já sabia nascer morta. 
Logo de início fiquei desanimado ao assistir a Convenção do partido para a escolha dos respectivos candidatos. 
Percebi que o nosso candidato a governador, o Dr. Adhemar de Barros Filho, estava jogando mal, conduzia-se como um político inexperiente, numa aventura por demais séria. 
Não cheguei a captar o fundamento de toda aquela história política cujo personagem central era o nosso candidato a governador. 
Não havia nada de animador na peça que estávamos montando. 
Aquilo para mim não passava de uma palhaçada. Todos os que faziam parte da montagem do circo se faziam portadores de uma retrogradação política. 
Os oradores, quase todos que se apontavam como candidatos, procuravam ser cordiais ao estimular o passado do ex - cacique Adhemar de Barros. 
Foi uma lástima o procedimento dos que, como eu, filiaram-se ao PRP, o Partido do ‘Admarzinho’, como era sentenciado. 
Eu tinha entrado em contato com líderes do PL para sair candidato por essa legenda; entretanto, antes dos entendimentos preliminares que me levariam a fazer parte dessa equipe de candidatos, fui interceptado por amigos de São Miguel Arcanjo que me conduziram ao ex-prefeito de Apiaí, sr. Nilton Passoca de Toledo Silva, com quem me entendi, fazendo com ele uma dobradinha. 
Passoca se achava muito animado por essa ocasião, visto que tinha em mente que os pequenos partidos, como o PRP, teriam mais chances de elegerem seus deputados. 
Passado algum tempo, ele começou a se desfazer dos compromissos que houvera mantido comigo e só me contemplou com os famosos "santinhos", com a minha cara de um lado e seu nome do outro, e, posteriormente, com modelos de cédulas. 
Já havia percebido, como eu, que embarcamos em canoa errada, com a qual nós afundamos."

Texto de Luiz Válio Júnior, meu pai.

Nenhum comentário: