segunda-feira, 16 de julho de 2012

ESPERANÇA NO PAÍS E NA TERRA NATAL.


“BOM DIA, GOVERNADOR”

“Cinco horas da manhã.
O relógio de mais de cem anos, vindo da Itália, através de tia Vicência, pendurado na parede, com seu melodioso dá aviso que devo me levantar. Antes, porém, dele se manifestar, já estou acordado; é o hábito que se calou em mim devido o tempo a que estou sujeito pelo modo de vida que escolhi, movido por várias circunstâncias que se aderiram aos meus trabalhos, numa imposição do destino traçado nos percalços que percorri, que até hoje não compreendi devidamente.
Saio da modesta casa que me aconchegou durante a noite e vou à cozinha de fora, que contém um fogão à lenha. Aí, ponho fogo ao mesmo.
Enquanto ele se embala, lavo a minha cuia na água fria, enquanto a chaleira chia. Depois, despejo a água fervente na cuia. Enquanto aguardo a caloria tornar suportável, levo cuia e chaleira ao barracão onde ordenho as leiteiras.
Vou à mangueira do meio, onde as vacas passaram a noite calorosa. Levanto a Boneca, a Pipoca, a Peteca, a Clotilde, a Miranda, todas elas, para que façam suas necessidades fisiológicas antes de entrarem para a ordenha.
Logo em seguida, o rádio Semp de mais de dez anos ouvindo então, juntamente com o trabalho que executo, o noticiário, e lógico, quando pega bem, primeiramente, o Pulo do Gato, do José Paulo de Andrade, da Bandeirantes.
Entrementes, tomo o meu chimarrão.
Assim a minha primeira atividade aqui no ‘Sítio Bom Retiro’.
Me inteiro dos acontecimentos nos programas jornalísticos que se seguem até o final da ordenha. Uma coisa me chama a atenção e me deixa assaz equivocado com tudo. É que só ouço notícias más: acidentes de carros com vítimas de morte nas várias rodovias, quedas de aviões com vidas e mais vidas desaparecidas, trem descarrilando, contrabandos, assaltos à mão armada, sequestros, etc. Coisas boas quase não se ouve. Só tragédias e emaranhados de notícias que só causam dissabores, como as que anunciam aumentos dos alimentos, dos combustíveis, da energia elétrica, da água, um deus nos acuda de outras irreverências à comodidade do homem a que tem direito, nesta dura caminhada, ao final do destino.
Hoje, porém, terça-feira, dia 22 de agosto de 1.989, no programa ‘Bom dia Governador’, tive uma grande satisfação ao ouvir de sua voz, voz do Governador Orestes Quércia, óbvio, de que houve por bem autorizar a pavimentação das vicinais que ligam Itapetininga ao Bairro de Santa Cruz e de São Miguel Arcanjo a Sete Barras, com este trecho, chegando, primeiramente, até a Reserva Florestal, num ponto que não sei, que gostaria de saber.
A obra até Santa Cruz foi um trabalho do grande prefeito itapetiningano Tardelli que, segundo conversa que tive com o vereador Amauri Bueno, daquele bairro, quando almocei em sua casa, ele encareceu junto àquele prefeito para a realização da vicinal.
Parabéns, Governador, pelo seu programa de rádio que a princípio tinha um caráter político, na opinião de muitos, mas hoje é tido como altamente positivo devido a sua conversa com os paulistas de São Paulo, mas,principalmente com os paulistas do interior.
Encerrei meus trabalhos da ordenha contente pois fiquei vaidoso com o que ouvi, tendo, por isso, o prazer de transmitir aos parceiros deste rincão através destas linhas.
Às vezes se ouve coisas boas, uma razão para não desanimarmos.
Quem sabe os céus nos contemplarão com um bom presidente da Republica nas próximas eleições. Um cidadão capaz, experiente, sem demagogia e sem fantasias ocas, conduzindo de outra forma as tantas empresas capitalistas de alto poder que, atualmente, só subjugam o povo com suas maledicências novelísticas e de alta traição ao nosso nacionalismo.
Assim recuperaremos o nosso amor à Pátria’’.

Texto de Luiz Válio Júnior, o Gijo, meu pai.
Como ele gostaria de estar por aqui nestes tempos de eleições...

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