“O GATO E O RATO”
"Era uma vez um gato e um rato. Assim começa toda estória.
Era uma vez...
Os dois fizeram uma combinação: o gato não correria mais atrás do rato e o rato não entraria mais nos pequenos buracos onde não caberia o gato.
Os dois resolveram ser amigos e mais ainda: ser políticos. Para isso bateram as garrinhas no chão e firmaram um pacto de não agressão para consolidar o entendimento.
O pacto seria necessário porque o gato sempre quer comer o rato. Gato e rato dá espetáculo, às vezes.
Os dois seriam amigos, tudo acertado, como ficou acertado que seriam políticos. O gato não deixaria o rato agir como rato e o rato não deixaria o gato fugir do partido.
Convicção, acima de tudo, firmeza e dedicação ao partido, o lema dos dois.
Assim, foram longe, um fiel ao outro.
Até que os dois quiseram ser candidatos a Prefeito...
Uma amizade vai longe até que não fira o interesse da outra, lógico.
Como políticos, os dois tem que acudir aos seus interesses e daí começa a encrenca.
Coragem para enfrentar a luta contra os outros gatos e ratos da política, eles não tem, restando partir para um dos lados das espécies que faz a política gorda e grossa do local.
Um quer ir de um lado; o outro, do outro. Começa a briga. Um diz que o outro é puxa-saco do Zá; o outro diz que é do Zé. O gato diz que não vai pro lado do Zé porque ele é muito faceiro, não sabe alisar e só quer pisar nos pequenos.
A briga começa a ficar feia. Não tem mais remédio. Precisa haver o divórcio. Arranjaram o advogado Piê. Concretizado o assunto, se separaram. Deixaram o partido do Brizola.
Fim da estória.
Tomara que o gato não coma o rato, senão a coisa perde a graça e as eleições perdem dois objetinhos engraçados e admiráveis que fizeram o circo rir, sempre alisaram o bigode do Prefeito e nunca fizeram nada de mal contra o povo, não fizeram nada, coitadinhos, somente gracinhas."
(publicado n’A Hora’ de 31 de julho de 1.988. Nessa época, o prefeito era Policarpo Torrell Neto. O Ginásio de Esportes ainda não estava concluído, pois aguardava verba estadual. José Antonio Terra França era vereador. E o dono da história, Luiz Válio Júnior, meu pai)
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