domingo, 15 de julho de 2012

OS CAIXEIROS-VIAJANTES ABRÃO ISAAC, VITO CHIARELLA, ODAIR LINHARES, JOSÉ VIEIRA DE ALMEIDA....



Em Itapetininga, vários vendedores reuniram-se em almoço no dia 01 de outubro de 1.970, para comemorar o "Dia do Viajante".
O encontro aconteceu no Hotel São Paulo, tendo a companhia do prefeito, do juiz de Direito, do Presidente da Câmara e de várias autoridades locais.
Durante a confraternização, que serviu também para os mais idosos recordarem passagens de suas carreiras, os viajantes autônomos apresentaram algumas reivindicações da classe, entre as quais as mais importantes foram o recolhimento pelo INPS de contribuições proporcionais aos ganhos, o aumento nas comissões quando as firmas aumentassem os preços dos produtos e melhor tratamento em grande parte dos hotéis que precisavam frequentar.
Dentre os profissionais presentes, o grande ABRÃO ISAAC.
Chamado de "vovô" por muitos, de "patriarca" por outros e de "Brãozinho" pela maioria, era, nessa época,  o mais velho e mais antigo vendedor viajante da região.
Com 80 anos de idade, 40 dos quais morando em Itapetininga e trabalhando nessa profissão, o "vovô" era profundo conhecedor de todos os bairros e vilas na zona rural desta área.
Apesar da idade, ABRÃO ISAAC continuava na ativa e aos que perguntavam por que, ele explicava que se sentia bem, porque "o velho depois que deixa as atividades fica doente".
Claro que na época suas viagens eram menos frequentes do que antes, quando ele percorria os sertões de Apiaí e do Ribeira, vendendo fumo em corda, às vezes à pé ou a cavalo.
O "patriarca" chegou ao Brasil em 1.906, como imigrante sírio, e foi residir em SÃO MIGUEL ARCANJO.
Depois, mudou-se para Quatiguá, no Paraná. onde também foi agente do jornal "O Estado de São Paulo", durante sete anos.
Em 1.920, esteve algum tempo em Itapetininga, voltando definitivamente em 1.935 e aí fixando residência para criar seus 7 filhos.
Sua carreira como caixeiro-viajante começou em 1.930, quando ainda não havia estradas e era uma temeridade enfrentar o sertão sozinho.
ABRÃO ISAAC, entretanto, conseguiu fregueses nos locais mais distantes e inacessíveis, onde nenhum outro queria trabalhar.
Vendendo fumo em cordas, o "vovô" mantinha um depósito em Itapetininga e percorria a Freguesia durante 20 ou 30 dias para anotar os pedidos, despachando depois a mercadoria.
Nessa vida, vezes sem conta dormiu em pleno mato, sobre uma simples esteira, alimentando-se de pão com banana ou farinha.
Nesse longínquo almoço, estiveram também presentes o senhor Vito Chiarella, à época com 78 anos de idade, ele que havia percorrido todo o Estado de Minas Gerais, mais a Alta e a Baixa Sorocabana; o senhor Odair Linhares, de Sorocaba, que teve uma história de vida bastante interessante: formado em Teologia, foi missionário em Mato Grosso, mas largou tudo para dedicar-se à lida de viajante; também José Vieira de Almeida, de Marília, que durante mais de 20 anos tivera a "satisfação de desbravar todos os quadrantes do país como caixeiro-viajante".

Fonte: "Estadão" edição de 02.10.1.970.

SITUANDO ABRÃO: Casado com Bahija Raid Isaac, era pai de Alberto Isaac e de mais seis; Alberto casou-se com Therezinha Abrão, filha de Fuad Abrão e Munira Ozi Abrão. O presidente da Câmara de Itapetininga, Fuad Abrão Isaac é neto, portanto de Abrão Isaac.    

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