segunda-feira, 12 de novembro de 2012

AS AVEZINHAS




Olhando de relance, parece que procuram ansiosamente por um abrigo onde possam passar a noite ou descansar os pesinhos cansados de ciscar por alimento durante o dia todo.
No entanto, reparando melhor, essas avesinhas lembram a vida que se leva em cidades pequenas, assim como a minha, coitadas, onde o povo pensa que dar voltas ou movimentar-se é progredir, quando na realidade isso significa voltar-se contra si mesmo.
Nesses lugares, passa o tempo, passam as administrações, vem e se vão as eleições, mas os ocupantes dos diversos cargos criados para diferentes departamentos continuam sendo os mesmos.
Parece que o povo das pequenas cidades sem esperança, como a minha, nasce e existe apenas para dar de comer à fila enorme de funcionários, secretários, assistentes, colaboradores e cabos eleitorais do prefeito eleito a cada quatro anos e dos vereadores que ocupam as cadeiras da câmara municipal, graças a um assistencialismo em menor escala, cuja vênia e verba também são doadas pelo mesmo chefe.
Como se democracia fosse isso: votar em pessoas que levem sempre para o Paço e para a Casa do Povo aquela mesma e seleta parcela da população e de sua descendência.
Em São Miguel Arcanjo, a varinha mágica logo vai começar a escolher, mandando até, quem sabe, buscar de volta aqueles que, por qualquer motivo, tiveram que ir embora daqui, e que fazem parte da parcela acima referida.
Também não ficarão de fora alguns candidatos perdedores, que poderão ser chamados a comer do mesmo panelão dos vencedores. 
Vamos apostar nessa mesmice?

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