quarta-feira, 15 de agosto de 2018

O PERSEGUIDO

Por: Reinaldo Azevedo/
Publicada: 14/08/2018 - 16:13


Casa de Bolsonaro em Angra: não é uma “mansão”. Mas ele não tem o direito de usar dinheiro público para mantê-la. Nem que fosse um quarto-e-cozinha
O deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), candidato à Presidência da República, quer se apresentar como aquilo que não é: um “outsider” da política e da suposta imoralidade que seria hegemônica nesse meio. 
Trata-se de duas farsas. 
Poucos são tão “insiders” como ele. 
Está na Câmara há 28 anos. Usou o cargo para lançar três filhos na política. 
A exemplo do pai, fazem pouco ou nada por seu eleitorado. 
Sua ocupação é vender bugigangas ideológicas, como o ódio a minorias e a defesa do armamento. 
São prosélitos das soluções simples e erradas para problemas difíceis.
É igualmente falso que goze de um exclusivismo moral como nunca antes na história deste país. 
Na verdade, as explicações do deputado para o fato de que pagava despesas pessoais com dinheiro da Câmara não diferem das desculpas e das catilinárias petistas, que ele tanto critica. Sobre o fato de que a senhora Wal, que era listada como funcionária de seu gabinete, e seu marido, Denilson, trabalhavam em uma propriedade sua em Angra dos Reis como caseiros, o homem se limita a dizer que é perseguido pela imprensa.
Convenham: é o que dizem todos. 
Convenham mais: é o que dizem particularmente os petistas. Eis aqui:
“Procuraram minha mãe, caluniaram meu pai, reviraram minha infância e agora atacam uma funcionária que, além de sua função, tirava uma renda extra, como qualquer brasileiro humilde. A imprensa tenta me tornar criminoso, mas nem ela acredita, senão estaria me bajulando até na cadeia”.
Isso está no Twitter. É coisa de sua azeitada assessoria na Internet, incluindo a alusão nada velada a Lula. 
Vamos por partes.
“Procuraram minha mãe”. 
Não será a primeira vez. A imprensa sempre tenta saber a origem e o passado dos candidatos que aparecem no primeiro batalhão das intenções de votos. 
Procurar não quer dizer macular a honra. A coisa até lhe saiu bem. Mães costumam falar bem de seus filhos. “A coruja gaba o toco”, ainda se diz na minha terra.
Seu pai não foi caluniado: informou-se que foi monitorado pelo Dops, a exemplo de milhares de outras pessoas. A informação é relevante porque o filho, afinal, é um notório defensor da ditadura. Entre as informações colhidas, está uma acusação de exercício ilegal da odontologia. E não! A funcionária Wal não está sendo atacada. Apenas se descobriu que um dos candidatos que aparecem na ponta na disputa presidencial paga despesas pessoais com dinheiro público. 
Wal é só o instrumento da prática ilícita.
Bolsonaro não é vitima de nada. Vitimas são os cofres públicos.


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