quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

CUIDADO COM AS HOMENAGENS!

Tanto no Executivo quanto no Legislativo a palavra 
homenagem, quando significar despesa paga com dinheiro público, deveria ser 
extirpada com brevidade máxima do elenco das imagináveis despesas.
Ainda que não conste essa palavra homenagem do 
evento, qualquer festividade ou festejo com caráter de celebração a alguma pessoa, 
viva ou morta, ou ainda alguma comemoração onerosa a datas e eventos, precisaria 
ser banida de vez do rol de despesas públicas.
O dinheiro público tem e sempre teve destinação 
necessariamente melhor que a de homenagear quem quer que seja, ainda que de 
mérito notório e incontestável, porque é preciso considerar a essencial futilidade 
dessa despesa pública quando confrontada com despesas necessárias à população, 
para as quais as autoridades foram eleitas e cumprem seus mandatos. 
Trata-se quase da conhecida cortesia com chapéu alheio; 
com todo efeito, quem deseje homenagear alguém pode e deve fazê-lo se atende a 
um imperativo de sua consciência, mas sempre observando o detalhe de arcar com a 
despesa respectiva. 
Não se condena a parceria com a iniciativa privada que custeie a d
espesa, mas o que não faz sentido, repita-se, é a despesa pública apta a homenagear 
pessoa alguma, e também se repita, por mais extraordinários que tenham sido os 
méritos dessa pessoa. 
Tenha-se sempre presente que o poder público dispõe de 
meios e modos verdadeiramente magníficos para manter viva e exalçada a memória 
de suas personalidades notáveis, como denominação de próprios e de logradouros 
públicos; denominação de eventos do calendário cultural; a confecção de obras de 
arte como estátuas e quadros – e aqui existe a efetiva possibilidade de o poder 
público as custear, sem dúvida, porque o patrimônio público cultural se enriquece 
ipso facto -, e outros ainda, os mais variados e frequentes. 
O que não convence é a simples e fugidia homenagem 
onerosa, prenhe de discursos, medalhas, placas de prata, condecorações, colares de 
mérito, comendas, bandeiras, coquetéis e foguetórios, em cerimônias que muito 
custam mas que não ficam, transitórias e ligeiras como a brisa, e, pior, assaz de 
vezes puramente eleitoreiras e oportunísticas.

in: Despesas Impróprias para Municípios, de Ivan Barbosa Rigolin e Gina Copola (dez/2010)

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