Vito Cascio Ferro (1862-1943)
Don Vito Cascio Ferro, natural de Bisacquino, na província de Palermo, foi, sem dúvida alguma, o verdadeiro chefe da Máfia siciliana.
Como diz Michele Pantaleone no livro "MAFIA", de sua autoria, foi esse homem quem inseriu uma organização tamanha que levou a máfia de Palermo a ser perfeita.
Através do pagamento de uma taxa, todos compravam sua própria proteção, mormente quando um fato novo viesse a realimentar a ira entre os mafiosos.
Funcionários de altos escalões eram obrigados a pagar essas taxas.
Profissionais liberais, idem.
Até mesmo os namorados pagavam o que se chamava canilla.
Daí talvez o que costumou-se ouvir a célebre expressão "segurar a vela" significando acompanhar um casal de namorados nos seus românticos encontros.
Esse Don Vito tinha uma longa barba, era bem alto, conservava uma aparência tão distinta que ninguém ousaria imaginar que fosse um criminoso.
Tinha um tal prestígio que ninguém ousava pensar que também era semi-analfabeto.
Era amigo das maiores autoridades. Quando em viagem para visitar a sua "zona", os prefeitos beijavam suas mãos.
Frequentava os melhores hotéis, gratuitamente.
Generoso, achava-se constantemente em ação.
Até que um dia, apareceu em Palermo um policial vindo ali para estudar a tal máfia, voluntariamente, com o objetivo principal de tentar estabelecer vínculos entre essa organização com a "mão negra" americana.
Chamava-se Jack Petrosino.
Don Vito, porém, ficou sabendo da pretensão do policial; no dia de sua chegada a Palermo, discretamente, retirou-se por alguns minutos da residência de um deputado onde jantava e, bem na Praça Marina, diante do Palácio Steri, sede do Tribunal, com um só golpe tirou-lhe a vida.
Livrou-se das suspeitas, claro, pois não jantava com o amigo?
Em 1.929, porém, Don Vito caiu nas garras do prefeito Mori que fora enviado por Mussolini para ajeitar as coisas na Sicília em nome do regime.
Conseguiram prender Don Vito por contrabando e mesmo assim numa ação forjada.
Ao final do julgamento, ainda ele passeou seu olhar perspicaz por sobre os juízes, dizendo:
- "Senhores, como vós não podeis encontrar as provas de meus numerosos delitos, só vos resta condenar-me pelo único que jamais cometi."
Tornou-se a voz de comando no cárcere, onde veio a falecer alguns anos depois.
Lá de dentro, conseguia promover a assistência aos detidos que não tinham condições de defender-se, bem como às famílias deles.
Muitas filhas de presos, ao casarem-se, receberam dotes de Don Vito da própria cadeia.
Por que estou falando desse homem?
Não por ser xará do meu bisavô, Dom Francisco Domingos Vito Paschoal Valio Trombetti, mas por uma frase que ele inseriu com ponta de faca numa das paredes do corredor que dava acesso à enfermaria do presídio:
- "Na velhice, na moléstia e nas necessidades é que se vê o coração dos amigos".
TAÍ!
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