As emissoras de
televisão, principalmente as brasileiras, utilizam cenas de violência e as
jogam para dentro de nossas casas de tal maneira que até chegamos a filosofar,
dando razão à senadora e criminóloga venezuelana, Lolita Aniyar de Castro,
segundo a qual a TV é uma fábrica de medos, porque toda a violência que ela
mostra seria para gerar mais medo nas pessoas, para que elas não saiam mais às
ruas e nem exerçam mais seus direitos.
Num seminário sobre Mídia e Violência
Urbana, ela chegou a dizer que a televisão nada mais é do que uma sofisticada
forma de controle social.
Talvez esse
pensamento tenha inspirado Eduardo Suplicy, autor do projeto ‘Renda Básica de
Cidadania no Brasil’, o qual seria implantado a partir de 2.005 e não aconteceu.
Tratava-se de uma
renda monetária a que todo brasileiro teria direito, independente da sua
situação sócio-econômica. Referida renda seria suficiente para atender as suas
necessidades.
E o petista ainda se gabava pelo fato de, com isso, levar o
Brasil ao podium: seria o primeiro país do mundo em que o Legislativo aprovaria um
projeto de lei que instituia renda básica como um direito à cidadania de todos
os seus habitantes.
Uma barbaridade que
só poderia ter saído dos miolos de um petista que nunca soube o que é passar
fome na vida.
E que iria acabar levando o país à falência.
Ora, ora, cidadania
não é isso.
Mas pensando bem,
nós que crescemos ouvindo histórias sobre as pragas do Egito, Herodes matando
as criancinhas, Nero ateando fogo nos cristãos, Moisés boiando nas águas dentro
de um cesto e sozinho, Abraão levando seu filho para ser imolado, a arca de Noé
e o próprio dilúvio, a destruição de Sodoma e Gomorra, o Saci Pererê, a Iara, a
Mula sem cabeça, o Bandido da luz vermelha, o lobisomem...
Nós que temos medo de
injeção, de Polícia, de dentista, de menor ladrão, do primeiro dia de aula, de
sermão de padre, de trovão, de solidão, de rejeição e até do que é novo, bem
que merecemos permanecer deitados em berço esplêndido, só para sentir o gosto
da maresia.
Uniformidade enfadonha!
Pura síncope!
Monólogo desgraçado!
Cidadania é você
acordar para a vida, não entregar os pontos e muito menos imobilizar-se,
deixando o caminho livre para os ditadores.
Como disse Paulo
Freire, certa vez, ‘nós podemos reinventar o mundo’.
Reinventemos, pois,
a televisão.
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