TERRA DE TANTAS VENTURAS
Todos cantam e se encantam com sua terra natal.
Nós também precisamos cantá-la, porque acreditamos que a história de um lugar é a nossa própria história e é justamente por isso que a história que desejamos contar é uma história exclusiva da nossa coletividade, do nosso patrimônio social.
Nenhum lugar no mundo poderá, em tempo algum, real ou imaginário, apresentar ou conter os mesmos acontecimentos que dia após dia foram determinantes para a nossa vida.
Por aqui pisaram nossos pentavôs, nossos trisavôs, nossos bisavôs, nossos avós, nossos pais e também nós, um dia, indelevelmente, aqui fincamos nossos pés, quer nascidos no seio de alguma família natural do lugar ou egressa de outras plagas distantes, em busca de um ninho onde repousar a idealização do futuro e da felicidade para começarmos uma nova vida, não sem antes termos exercido o nosso direito de escolha.
Nesse feito, entrelaçamos nossa genealogia com outras árvores genealógicas, gerando filhos e netos para integrarem-se a uma nova realidade, trançando nossos costumes aos nativos e procurando viver em paz, numa terra que, mesmo não sendo a nossa, a ela fomos destinados em algum momento da nossa vida ou pelo que restar dela.
O passado atua como um referencial para o presente.
E esse referencial deve ser resguardado com carinho e fidelidade, pois o progresso de um povo parte sempre do pressuposto de que se o seu patrimônio cultural for preservado, ele vai agir como um forte índice de progresso na somatória geral.
Antes de mais nada, cuidar desse patrimônio é cuidar de nós mesmos, é tecer diferentes caminhos para a ampliação e solidificação dos nossos horizontes.
Como se cuidássemos de nossos filhos, por conseqüência, os únicos e legítimos herdeiros de tudo isso.
Por que a obrigação?
Porque aqui é o nosso mundo e sendo nosso temos responsabilidade pelo seu destino, buscando ajudar a quem precisa, cuidando do meio ambiente para que nossas crianças cresçam saudáveis, exigindo que todas as autoridades constituídas se obriguem a fazer a sua parte, ensinando a todas as crianças e adolescentes que a cidade não é propriedade de ninguém, mas de todos os moradores, quer da zona urbana, quer da zona rural; desde a criança que acabou de nascer até aqueles que deram suas vidas para vê-la habitada por gente feliz e saudável.
Neste ato de amor, que "plantemos sempre o caroço da renovação em suas terras para que o futuro seja mais fácil de ser colhido", como pregava o ecologista Gijo Válio, meu pai.
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