Na década de 30, meu avô, Major Luiz Válio, grande jornalista-autodidata, assim descrevia na primeira página do jornal "O Progresso", do dia 22 de fevereiro de 1.931, sob o título "Sanatório Natural e a Longevidade", sobre o lugar:
"A nossa cidade, pela sua posição geográfica, pelo seu clima maravilhoso, pelas suas águas cristalinas e puras, acalentada pelo sopro constante da brisa do sul, bem merece o nome de Sanatório natural.
Nunca a nossa cidade foi visitada por epidemias malignas.
Apenas a gripe espanhola, em 1.918, aqui apareceu, mas tão fraca e tão estúpida que a sua ação redundou num verdadeiro fiasco! Não matou ninguém!
A tuberculose não medra nestas paragens.
Aqueles que, atacados desta terrível moléstia, aqui procuram alívio, muito breve ficam aliviados da própria vida.
Apesar de já termos notado desses fenômenos, ela nunca pode contaminar com seus germes pessoas naturais da terra. Nunca vimos pessoas locais morrerem de tal enfermidade!
Por ocasião de uma festa em Iguape, de lá vieram alguns romeiros, trazendo a varíola.
Pois bem! Eles aqui se trataram em suas casas, ficaram curados em poucos dias e nem ao menos uma pessoa foi contagiada pela asquerosa moléstia!
O câncer não é conhecido entre nós.
Mas, perguntará o leitor, de que morrem então os habitantes de São Miguel Arcanjo?
Na cidade, morre-se de velhice e raras vezes de causas ignoradas, em se falando dos adultos.
Jovens de 15 a 30 anos, há muito tempo que não figuram no obituário local.
Crianças de 4 anos para menos, para dizer a verdade, morrem por falta de cuidados, em sua maioria, e de verminose, alguns!
Nos bairros, exceção feita dos casos de "estropesia", mordeduras de cobra e desastres nas derrubadas de matas, todos alcançam bisnetos e tataranetos!".
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