quinta-feira, 1 de novembro de 2012

ALBERTINO, O PROSEADÔ SERTANEJO DE SÃO MIGUEL ARCANJO.

Vi uma foto dele no jornal "Postal Sãomiguelense".
Albertino Benedito da Silva fez aniversário no Asilo onde mora e paga sua estadia, pois está aposentado.

Aqui, uma "amostrinha" do que ele já escreveu:

1. O CACHACEIRO DA SORTE

Lá no bairro onde que eu moro tinha um cachacero que não gostava de trabaiá.
Vivia bebendo pinga e era infadado pra daná.
Sua muié dava um duro no serviço pra pudê seus fio sustentá.
Inté que um dia ela disse:
- Vá na cidade, faça as compra e não demora pra vortá.
O dinhero que a muié deu, ele gastô a metade em pinga e cerveja, e otra metade ele comprô em loteria federar, e pensô:
- Pra quem tá atolado no brejo, uma bola de barro a mais não faiz diferença. Quem sabe eu posso acertá!
E vortô pra casa sem nada então comprá.
Sua muié disse: 
- Ocê é um cachacero vagabundo, merecia apanhá...
No otro dia cedo ele teve uma surpresa: chegô na sua casa o bilhetero e falô: 
- vô dá uma noticia, não vá se assustá! Ocê acertô no primeiro prêmio e a grana é pra daná!
Sua muié emocionada logo pois a falá: 
- Onte eu tava com a cabeça quente. Peço procê  me perdoá. 
Hoje em dia ele não bebe mais cachaça e é o rico mais estimado do lugá.


2. O MILAGRE DAS ÁGUAS

Lá na minha cidade, tinha uma véia que muito tempo tava doente, por isso gastô muito dinhero e não conseguia sará. 
Ela tinha um menino com doze ano de idade, intão ela falô pro fio: 
- Pegue esse litro e vá no curadô e traga o remédio pra mim, mais não demore pra vortá. Disse ainda: 
- O curadô não cobra, mais como ele tem uma capela no lugá, vô dá um poco de dinheiro. Faça uma oferta pros santos que tão lá no artá. O menino saiu depressa e chegando numa venda da estrada do sítio, o dinheiro que a mãe deu, ele gastô tudo em doce e pensô: 
- E agora, se eu não levá o remédio vô apanhá. Intão o que ele fez? 
Foi pegá o litro e enchê de água no ribeirão e vortô e disse pra mãe que: 
- Tinha muita gente no curadô, purisso demorei pra vortá. 
E a mãe ficô alegre e disse: 
- E o remédio, que jeito que é pra tomá? 
Ele disse: 
- É pra esquentá e tomá de hora em hora, se cobri bem com o cobertô e vento a sinhora não pode tomá. 
Era meis de calor, o sor tava de rachá, e o menino ficô pensando: "com essa mentira que eu fiz, será que eu não vô dançá? 
E a véia tomô a água com muitá fé, pensando que era benzida e já começô a miorá. 
Em prazo de pocos dias ficô completamente curada e acabô o sofrimento daquela família daquele lugá!!! 

PARABÉNS, ALBERTINO!
FAZ TEMPO QUE NÃO LHE VEJO!

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