POSITIVAMENTE PEDRO!

Chama-se Pedro.

Beira uns cinquenta anos, mais ou menos, mas se a gente for analisar bem, ele não é das pessoas que demonstram claramente uma idade.

Pedro é pedreiro. Como na música do Chico.

Mas este Pedro não espera trem nenhum, que aqui não tem disso.  

Gosta é de tomar algumas para ficar alegre.

- Ara, dona! Deus não deu a vida só pra gente trabalhar, não! Também pra gente divertir-se. 

Positivamente!

Tem razão, o Pedro! 

É e sempre foi um rapaz educado, bom de coração, anda sempre bem arrumadinho, tem alguns amigos com quem faz um churrasquinho de vez em quando.

E, como manda o figurino, é um homem honesto e trabalhador.

Quando o conheci, era casado.

Depois, separou-se e hoje não sei mais.

Então...

Outro dia lá estava o Pedro, alegre feito um rapazinho,  banhando-se nas águas do Rio Taquaral com um grupo de amigos. 

Foi de repente que distraiu-se e acabou caindo na água. 

Uns três metros de barranco.

Havia correnteza.

Medrou, o Pedro, interiormente.

Percebendo algumas plantinhas nas margens do rio, agarrou-se a elas na tentativa de sair dali.

Mas qual o que! 

As plantas não aguentavam com o corpo do Pedro.

Os amigos gritavam:

- Ô Pedro! Vai afogar, homem!

Pumba! E lá estava o Pedro na água de novo.

Os amigos gritavam:

- Ô Pedro! Saia daí, homem!

Pumba! E lá estava o Pedro de volta para a água.

Os amigos gritavam:

- Cuidado, Pedro! Precisa de ajuda aí, homem? 

Assim ocorreram mais duas ou três tentativas para sair daquela situação, todas sem sucesso.

Mas Pedro jamais se mostrara perturbado.

Ao contrário, a cada tombo, ele ainda brincava:

- Você viu meu mergulho?

- Vocês viram o meu mergulho?

E os amigos riam, porque Pedro estava contente do seu estado.

- E agora? Gostaram do meu novo mergulho?

Bem, outro dia vi o Pedro pintando um muro na Rua Dom Aguirre.

Não fiquei sabendo como é que resgataram o Pedro naquele fatídico dia no Rio Taquaral.

Mas, positivamente, Pedro é um herói. 

Herói do positivismo!