na noite, encolhidinha junto à porta
fechada — e tem o olhar de quem suporta
seu fim de vida como quem morreu...
E tosse muito, enquanto chove. O seu
abrigo não protege. Quem se importa?
(No fundo dos seus olhos, jaz a morta
imagem de uma rosa que viveu.)
Talvez já tenha sido prostituta
e visto coisas de arrepiar, na luta
intérmina de conquistar seu pão...
Porém, a noite é fria. A chuva cai,
a velha sofre, e tosse muito, e vai
passar mais uma noite feito um cão.
Eno Teodoro Wanke
Poema do livro: "Saciedade dos Poetas Vivos" - vol. XI, Blocos, 1997, RJ
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