A eleição do novo Papa é responsabilidade de um colégio de 118 cardeais, isolados em conclave na Capela Sistina do Vaticano.
A pressão para a escolha de uma personalidade oriunda de um país em desenvolvimento é grande: é em África e na América Latina que se concentra 70% da população católica do mundo, e é aí que a Igreja Católica se encontra em expansão – em contraponto com a Europa, que há um século respondia por três quartos dos católicos do mundo e onde agora se encontram apenas 25% dos fiéis.
A escolha do cardeal Peter Turkson, de 64 anos, responsável pelo Departamento da Justiça e Paz e porta-voz do Vaticano para as questões sociais, representaria um momento histórico de viragem e renovação da Igreja Católica: seria a primeira vez que, na era moderna, o mundo católico teria como líder um homem de fora da Europa.
O cardeal Francis Arinze, da Nigéria, que fora mencionado como uma possibilidade durante o processo de sucessão que culminou com a eleição de Bento XVI, é a outra referência africana.
“Seria muito bom que tivéssemos candidatos fortes da África e da América do Sul no próximo conclave”, considerou o cardeal suíço Kurt Koch, ao jornal Tagesanzeiger de Zurique.
A “candidatura” do cardeal brasileiro Odilo Petro Sherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, ganhou um novo impulso.
Na lista oficiosa de potenciais sucessores existem outros dois nomes da América Latina: o argentino Leonardo Sandri, filho de pais italianos e nascido em Buenos Aires e que ocupou o cargo de chief of staff, o terceiro lugar da hierarquia do Vaticano, entre 2000 e 2007; e o também brasileiro João Braz de Avis, um defensor da teologia da libertação da América Latina e atual responsável pelo Departamento das Congregações Religiosas do Vaticano.
O favoritismo de Odilo Petro Sherer tem a ver com o fato de liderar a maior diocese do maior país católico do mundo e de ser encarado como uma figura moderada (embora seja visto como um conservador no seu país).
No entanto, a implantação e rápido crescimento de Igrejas protestantes evangélicas no Brasil pode ser encarado como uma “mácula” na sua candidatura.
Outros nomes que estão a ser apontados são o cardeal Marc Ouellet, do Canadá, que dirige a Congregação dos Bispos (e que uma vez disse que ser eleito Papa seria “um pesadelo”), e o norte-americano Timothy Dolan, arcebispo de Nova Iorque, EUA.
Dois italianos, o arcebispo de Milão, Angelo Scola, e o ministro da Cultura do Vaticano, Leonardo Sandri, também figuram entre os papabili.
O outro europeu nesta lista é Christoph Schoenborn, o arcebispo de Viena de Áustria – um antigo aluno de Bento XVI e autor da revisão do catecismo da Igreja na década de 1990.
As aspirações da Ásia são representadas pelo filipino Luis Tagle, de 55 anos, que trabalhou com Bento XVI na Comissão Teológica Internacional. Com 55 anos, é uma das personalidades mais carismáticas da Igreja Católica, mas as suas hipóteses serão prejudicadas pelo fato de só ter ascendido a cardeal em 2012.
Os possíveis candidatos portugueses são o atual presidente da Conferência Episcopal, D. José Policarpo; e D. Manuel Monteiro.
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