quarta-feira, 26 de junho de 2013

NÓS, OS CAIPIRAS.

Certa vez, não me lembro do seu nome, um deputado esteve presente em São Miguel Arcanjo, e, lá no Campo do Mineirinho discursou. 
E em seu breve discurso, chegou a denominar a assistência que se fazia presente, de "caipiras".
Muito de leve que isso aconteceu, mas o tom de voz com que ele disse aquilo fez mal aos ouvidos.
Ninguém gostou, mas também ninguém se defendeu. Não havia como engolir de volta os rojões. E depois? Tudo lá estava sendo patrocinado pelo tal deputado, pois então...
Aceitou-se o adjetivo. Que não é nenhuma discrepância, pois afinal somos caipiras mesmo, sem precisar de aspas.
E daí?
O próprio Washington Luis, o grande engenheiro que também foi presidente do Brasil já dizia que o caipira morava em cidades mortiças, paradas, ninhos de indolências, de atraso e politicagem, cheias de desocupados, de doentes e de pedintes.
Era assim.
Continua sendo assim.
O que não está certo é o candidato vir aqui cuspir no prato que comeu, que come ou que quer comer, e ainda o povo eleitor digitar naquela estranha maquininha o seu número.
Ora!
Um pouco sobre as potencialidades da região os visitantes deputados que por aqui aportam, de vem em quando, a cada quatro anos, sabem, sim.
Talvez até queiram abafá-las, não desejando que o desenvolvimento tome conta do lugar e da cabeça dos caipiras, e gere progresso e eles se autossustentem, nem precisem mais dos deputados...
De 1.880 a 1.891, faziam-se explorações de minérios nas minas de Jacupiranga. E o mesmo Washington Luis dizia que lá era uma região privilegiada pela natureza, possuidora de tudo o que necessita um país para a sua manutenção, tanto na paz como na guerra.
O Barão de Antonina, em carta datada de 1.845 ao Tenente Urias, contratado para abrir a estrada para Sete Barras, dizia que essa ligação com a marinha viria trazer à província de São Paulo e a todo o país, benefícios incalculáveis.
Igualmente a zona iguapense ficou famosa pelas fertilíssimas terras que possuía.
Muitas revoluções aconteceram.
O lugar e os projetos foram esquecidos, gastando-se dinheiro em visitas estéreis e retórica inútil para fazer reportagens e entrevistar autoridades para os jornais da época.
Até o Ministro Lindolfo Collor chamava a nossa região de terra da promissão, futuro celeiro do Brasil.
O tempo, porém, paralisou tudo.
A estrada de Urias perdeu-se no mato.
O celeiro ruiu.
Perdeu-se a região entre o mar imenso e a serra de Paranapiacaba, por muito tempo condenada a dar a volta ao mundo com sua exclusiva saída para Santos.
Hoje, a estrada São Miguel/Sete Barras está lá, mas... E a antiga riqueza, que fim levou?
Se a estrada serviria para facilitar o transporte dos seus produtos para o interior do Estado e com bases mais lucrativas que estimulassem os produtores ao aproveitamento do seu riquíssimo solo agrícola, então, o que aconteceu, que não pudemos sair da maresia?
Será que esses deputados que vem para cá estão realmente interessados no progresso da região dos caipiras?

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