sábado, 20 de julho de 2013

"ENCONTRO NO PARQUE"



Quando a menina caiu da bicicleta, ao invés de a socorrerem, os colegas riram dela e continuaram a corrida.
Era menos um na competição que dava direito aos primeiros cinco colocados de receberem um presente do organizador do evento: uma bicicleta, um par de tênis, um notebook, uma TV ou um computador.
Mas ela estava machucada, sim. 
Batera com a cabeça na calçada de cimento e sangrava um pouco pelo nariz.
De longe, ainda viu os meninos gritando seu nome, numa algazarra que a aturdiu; por um instante teve medo de ficar sozinha, porém, logo notou que havia muita gente passeando por ali.
Levantou-se, desistindo da corrida e, presa de um prazer infinito, decidiu caminhar pelo parque, coisa que jamais fizera.
A manhã estava tão linda!
A primavera cheirava tanto! 
Foi sentada a uma pedra que notou um pequeno brilho na relva que enfeitava o chão.
Abaixou-se e viu uma pequena joia; apanhou-a, notando que uma corrente finíssima e dourada a prendia.
- Que lindo!
Era uma medalhinha toda cravejada de brilhantes.
- Dá para abrir. Tem alguma coisa escrito nela... Parece um C. Não, não, é um D. Ou um O? 
Tão entretida nas decifrações, demorou a dar-se conta de que um rapaz estava sentado numa outra pedra a uns cem metros dela, com uma máquina fotográfica.
- Oi, por acaso esta medalha é sua?- perguntou-lhe.
O rapaz olhou para ela, surpreso, apanhou a medalha, limpou com um lenço e respondeu:
- Era minha. Mas faz tempo que não é mais. Há alguns meses, mandei gravar a inicial do nome de uma namorada, quer dizer, de uma quase namorada minha. Era uma colega de escola. Marcamos um encontro bem neste lugar; nesse dia, eu ia pedi-la em namoro.
- E então?
- Ela veio, só que veio com uma outra pessoa e até me apresentou... O rapaz era seu namorado. Então, joguei a correntinha fora e a esqueci. Só não esqueci é que todo sábado ela vem passear neste parque com o namorado, que agora já é um outro.
- E você tem esperança de que um dia ela escolha você. Como era o nome dela?    
- Cecília.
- Mas então é minha xará... Sou Cecília também. Muito prazer!
Pela primeira vez os olhos do rapaz iluminaram-se e se dispuseram a olhar para a menina.
- Cecília? Cecília... Pois então, fique com isto para você.
- Será? É chato! Não era para mim...
- Não, não. Espere. Vou mandar dar um banho de limpeza e em dois ou três dias devolvo a você.
Estava selado um novo encontro naquele mesmo lugar. 

(Luiza Válio) 

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