À...
Foi pincel mui delicado
Que traçou teu rosto belo,
Adornando os róseos lábios
De um sorrir meigo e singelo.
Desde que esse olhar celeste
Meu olhar triste encontrou,
Penetrou, qual uma seta,
No meu peito e o cativou.
Encantou-me tua imagem,
Fascinou-me teu sorriso,
Que julguei gozar, celeste,
Cá na terra, um paraíso.
Estavas linda no baile,
Qual aurora matutina:
Nas níveas faces brincava
Cor de rosa purpurina.
Desses olhos desprendeste
Um lampejo encantador
Que expeliu a negra nuvem
De um porvir cheio de amor.
Desde então, arde meu peito,
Qual do vulcão a cratera,
Porque te ama, te idolatra,
Linda flor da primavera!
in "O Cabrião", periódico quinzenal de São Paulo, de 15 de setembro de 1.897, sob coordenação de Antonio Salles Júnior e Lino Moreira.
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