E AGORA, JOSÉ?

Você viu?

Demorou, 

mas a casa deles caiu,

a porta fechou,

o povo calou,

tem hora pra luz se apagar.

E agora, José?

E agora, você?

Você que fez nome,

que "criou" outras verdades,

que babou nos palanques, 

que zombou,

que urrou feito fera.

E agora?

Está sem os amigos,

mas que bom!

Ainda pode

encher a pança de cachaça,

fumar como Noel

ao descer pela chaminé, 

ir atrás de mundanices.

Ainda pode

cuspir e evacuar,

comer e descomer 

antes que mofe

a carniça curtida

pelos atos velhacos

na gula real

da sua utopia.

E agora, José?

O que adianta ter febre,

ter ouro nos bancos,

viagens de rei,

prêmios pendurados 

nas paredes da sala,

reuniões maviosas?

Ter ternos vincados,

ódio da oposição,

gritar contra Deus?

E agora?

Resta chorar 

para que a sua casa

demore um pouco mais para cair,

que a porta não se feche 

tão já atrás de si.

José, e agora?

Grite,

gema,

durma e sonhe 

com aquele cavalo preto. 

MORRA!