quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

BOA LEITURA.


Com oito anos, Jodie passou por cinco famílias britânicas em quatro meses.
Ela tinha surtos de raiva, esfregava fezes por toda a casa e cortava os próprios braços. 
Sem saber como lidar com a situação, a garota foi "devolvida" para adoção todas as vezes.
Uma das acolhedoras classificou Jodie como "um pequeno demônio encarnado, cujo tamanho, força e pura maldade estavam na mais completa desproporção em relação à idade".
Jodie foi levada de seus pais biológicos pelo serviço social ao iniciar um incêndio em sua casa; a menina ateou fogo em seu cão de estimação. 
O caso chegou a Cathy Glass, que recebe crianças enquanto aguardam um lar definitivo. 
Com 25 anos de experiência, Glass acolheu Jodie.
"Era uma história pavorosa, mas eu tinha escutado histórias semelhantes muitas vezes antes", conta Glass no livro "Infância Interrompida"
"No entanto, jamais deixava de ficar impressionada e horrorizada ao saber que as pessoas eram capazes de tratar seus filhos com tanta crueldade e indiferença".
Com pai alcoólatra e mãe viciada em drogas injetáveis, Jodie foi diversas vezes ao hospital devido a uma série de ferimentos, como queimaduras, escaldaduras, cortes e um dedo quebrado.
A menina também apresentava um retardo no desenvolvimento, agindo como se tivesse três ou quatro anos. 
"Um histórico complicado e uma vida difícil em casa, muitas vezes, parecem gerar crianças incapazes de aprender tão depressa quanto as que têm uma família estável", diz a autora.
Para recomeçar, Jodie precisava de compreensão.
Glass, que acolheu mais de cem crianças, estava disposta a tentar. Apesar das dificuldades, com amor e paciência, elas criaram laços afetivos.
Enquanto a confiança aumentava, emergiam histórias sobre o passado da criança que sofreu abusos físicos e emocionais.
Cathy Glass é um pseudônimo, artifício necessário para a preservação das pessoas envolvidas nas histórias que ela relata em seus livros.
"Infância Interrompida" chegou ao topo dos livros mais vendidos do jornal britânico "The Sunday Times".
FABIO ANDRIGHETTO
da Livraria da Folha

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