quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

"MOEMA NUMA VIRTUAL TARDE DE SÁBADO"

A realidade do tempo virtual nem sempre combina com a do tempo real. 
Tempo virtual é o que pode vir a ser. 
É o novo tempo de Moema. 
As árvores continuam na real, mas elas são invisíveis num mundo virtual e o vir a ser passa por elas ligado num celular, indiferente.
Nas mesas dos bares, choperias e restaurantes nem adianta beber para voltar ao tempo real. Conversas e olhares virtuais deixam patéticos os velhos garçons que ainda não são magnéticos.
Num mundo onde as pessoas vivem a sós com seus celulares de que servem cadeiras nas calçadas, se ninguém vai perceber a solidão menina de rua passar?
E as mãos negras e mendigas daquela mulher não encontram outras mãos, só as de si mesma, numa súplica. No tempo virtual são raros os momentos em que se pode juntar as mãos num Obrigado, meu Deus, ou num Deus lhe Pague.
Na avenida Lavandisca, em Moema, havia um pé de Dama da Noite.
Só os bêbados de passagem sentiram seu perfume em tempo real.
Desculpem os ais, mas hoje é enjoativo o cheiro das damas da noite virtuais.
Dá até medo de sonhar, porque vai tocar o celular.
Miguel Arcanjo Terra, in "São Miguel Arcanjo o meu mundo".
Na foto, Caetano Beccari, morador no bairro, aos 87 anos de idade, in Moema de Tantas Historias. 

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