terça-feira, 28 de janeiro de 2014

COGITANDO:

Os desejos, com o tempo, arrefecem-se, acabam mudando ou sendo substituídos e até mesmo esquecidos.
E quando é o tempo que nos entorpece?
Antes, cantávamos ao ver o sol de manhã, brilhando como uma nova flor a perfumar o dia.
Hoje, o calor do astro tornou-se tão máximo e desanimador que nosso desejo é vê-lo desaparecer no horizonte e rezar por uma chuva que nos cubra de infinito gozo.
A natureza não está para brincadeira.
Então, ao presenciar um tempo como o de agora, ficamos a imaginar como é a vida do pequeno sitiante, de sol a sol, carpindo, arando, matando cobras, jogando sementes à terra quase estorricada pelo sol escaldante, depois limpando de novo, arrancando as braquearas que teimam em nascer, fazendo promessas para ver, enfim, eclodir do chão o fruto do seu trabalho.
E o gado?
Mesmo que poucas cabeças, como sofrem na estiagem!
E o tempo, lá na frente, vai mostrando outras estações e volta a perigar no período das chuvas que não dão trégua ao trabalhador.
Aí, o sitiante perde tudo, porque até a casa dele vira lodo.
Concluímos que o Brasil mudou.
Que a natureza de hoje fez o Brasil mudar.
O antigo sitiante é só um idealista sonhador.
E neste Brasil não cabe mais sonhar.

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