terça-feira, 4 de março de 2014

PEDRO NOVAES NÃO CONHECE SÃO MIGUEL ARCANJO


Hoje, terça-feira, 4 de março de 2014, o articulista Pedro Novaes assina, para o jornal Correio de Itapetininga, um texto intitulado PÃO OU CIRCO.
Por que afirmo que ele não conhece a minha cidade? Porque aqui acontece, ainda hoje, do jeitinho como ele diz acontecer no passado. 
Vamos ao artigo do engenheiro agrônomo e advogado.

PÃO OU CIRCO

As exposições e feiras agropecuárias estão presentes em grande número de cidades, Brasil afora.
Inicialmente inspiradas na valorização das atividades rurais, incremento de negócios e disseminação de tecnologias, tais exposições já ocuparam lugar de destaque na gastança pública. Houve um tempo em que shows eram patrocinados pelos cofres públicos, acabando transformados em visível instrumento de propaganda eleitoral e popularização de políticos.
No mais ridículo dos exemplos, artistas famosos interrompiam a apresentação, para agradecimento ao prefeito e políticos locais, citando-os um a um. Às oposições restava um cantinho pouco percebido na platéia, e a espera pelo anúncio dos prejuizos do evento, para lamentar a persistência de problemas não resolvidos, sob o perpétuo argumento da falta de verbas.
Aos poucos, os cofres públicos foram deixando de patrocinar os famigerados shows, limitando o apoio ao fornecimento de estrutura e colaborações não financeiras. Os riscos de eventuais prejuizos acabaram arcados por sindicatos rurais e setores privados.
Os shows milionários de artistas famosos, parques de diversão e rodeios sempre atrairam multidões, pouco interessadas nos objetivos originais do evento. À multidão, interessa o circo, pouco importando se instalado em congresso de física nuclear, encontro de filósofos ou feira agropecuária.
Rodeios, em suas modalidades mais cruéis, tornam-se crescentemente proibidos, e o custo dos grandes shows torna o patrocínio cada vez mais arriscado. Com isso, as feiras e exposições agropecuárias ensaiam um retorno às origens, buscando atrair interessados em atividades, tecnologias e produtos relacionados, com um ou outro atrativo, inclusive artistas locais.
Continuam, prósperas, as festas tradicionamente grandiosas, não raro de importância internacional, com forte presença industrial e reflexos turísticos. Nas pequenas e médias, contudo, ocorre um justificado e lógico retorno às origens.
O comércio das pequenas e médias cidades sempre sofreu as ressacas das festas que atraiam multidões. Tais cidades, através das festas, exportavam economias populares.
A involução das exposições agropecuárias pode premiar as iniciativas, méritos, produtos e talentos regionais, pouco notados no burburinho das multidões atraidas por sucessos e diversões em moda. Descongestionadas e com menores custos, as feiras tornarão mais cômodas e eficientes as visitas de contingente efetivamente interessado no tema rural, industrial ou comercial.
Shows, rodeios e parques grandiosos continuarão sendo ofertados, sempre que a iniciativa privada resolva, em eventos isolados, ofertá-los, sob risco e responsabilidade própria.

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