quarta-feira, 7 de maio de 2014

"A ÚLTIMA FADA"

Outro dia encontrei uma fada que corria, apesar de estar velhinha.
Perguntei-lhe então:
- "Tens tanta pressa de deixar-nos, fada amiga?"
- "Nem fale. Há muitos anos não visitava o seu pequeno mundo. Como está mudado! Não o entendo mais! Ofereço beleza à criança, coragem aos jovens, sabedoria aos velhos, saúde aos doentes, e todos recusam as ofertas, exclamando: - Tens dinheiro? É só o que desejamos." 
- "Pois bem", continuou a fada, "vou-me embora depressa porque tenho medo de que as rosas me venham a pedir carícias de brilhantes e as borboletas pretendam andar de carruagem pelos prados."
- "Oh! Não, não, boa fada!" disseram sorrindo as rosas que a ouviram, "nós temos as gotas de orvalho sobre nossas pétalas, e isso nos basta."
- "E nós", disseram as lindas borboletas ao redor, "temos ouro e prata nas nossas asas."
E a fada, distanciando-se, exclamou:
- "Eis as únicas criaturas razoáveis que deixo na terra".


Texto de George Sand, pseudônimo de Amandine Aurore Lucile Dupin, baronesa de Dudevant.
Romancista e memorialista francesa, é tida como uma das precursoras do feminismo.
Se viva, faria 110 anos no próximo dia 01 de julho. 

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