quinta-feira, 31 de julho de 2014

SOBRE O CENTENÁRIO DA RUA DO OUVIDOR:

Que festa! quem viver em 1880 verá o que ha de haver.
Em 1880 - o centenario!...
Preparai-vos, ó modistas, floristas, photographistas, dentistas, quinquilharistas, confeitarias, charutarias, livrarias, perfumarias, sapatarias, rouparias, alfaiates, hoteis, espelheiros, ourivesarias, fabricas de instrumentos opticos, acusticos, cirurgicos, electricos e as de luvas, e as de postiços, e de fundas, de industria, commercio e artes, e as de lamparinas, luminarias, pharóes, e os fócos de luz e de civilização, e vulcões de idéas que são as gazetas diarias, e os armazens de seccos e molhados representates legitimos da philosophia materialista, e a democrata, popularissima e abençoada carne secca no principio da rua, e no fim Notre Dame de Paris, a fada mysteriosa de tres entradas e sahidas e com labyrinthos, tentações e magias no vasto seio - preparai-vos todos para a festa deslumbrante do centenario da Rua do Ouvidor!...
A festa é de nosso dever e de nossa honra!... 
Preparai-vos!
O centenario é em 1880!...
Se eu tiver paciencia, animação e confiança, proporei no fim destas Memorias, que ainda têm muito que dar de si, - o programa da grande festa do primeiro centenario da - Rua do Ouvidor.
Vejão lá se me deixão ficar mal. 

In "Memórias da Rua do Ouvidor", de Joaquim Manoel de Macedo, nascido em 1820 e morto em 1882.
Compare-se a linguagem da época.

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