sábado, 29 de novembro de 2014

E OUTRO ACHADO




A Júlio Ribeiro: 

"FRUCTO PROHIBIDO

Quando os primeiros paes na innocente cegueira
Gosavam de um viver pacifico, innocente, 
Demônio, isto é o Amor—fórma de uma serpente— 
Dentre as flôres tentou a nossa mãe primeira. 

Eva, disse a fatal, perfida conselheira,
Tens carinho na voz, o teu olhar ardente 
Queima e derrete os céos, teu beijo é omnipotente, 
Manda ao homem colher os teus fructos, fructeira. 

Eva chega-se a Adão: Homem, beija-me a bocca ! 
Eu ouvi a serpente, ella deixou-me louca...
Tudo que é meu é teu... a curva sensual...

Elle vacilla e cáe; ella o sustém cabido... 

E comeram assim do fructo prohibido... 
O' sciencia do Bem ! ó delicia do Mal! 


E a Assis Pacheco Netto: "
A FOLHA DE PARREIRA

E o Senhor apparece : —Adão, por onde 
Andas occulto, sob esse arvoredo,
Porque buscas das arvores a fronde?
Adão, Adão, porque é que tu tens medo? 

« Estou nú, meu Senhor, Adão responde, 

Nós comemos do fructo do segredo, 

Eva, Senhor, vêde é quem mais se esconde...» 

O Senhor desconhece a obra do seu dedo. 

Eva mais criminosa e peccadora, 
Atraz dos hombros do marido sente.
                      Cega, tremendo, a vista indagadora...

E esconde para que o Senhor não veja 
Sob os cabellos o seu rosto quente, 
Lindo e vermelho como uma cereja ! 

Autor: EMILIANO PERNETTA.
Extraído do mesmo extinto jornal da postagem anterior. 

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