quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

E NUM PAÍS ONDE QUEM COMANDA É UMA FÊMEA...

Três em cada quatro mulheres jovens já foram assediadas ou agredidas por companheiros no Brasil. 
Entre os homens, 66% afirmam que praticaram violência contra a parceira. 
Os números são da pesquisa do Instituto Data Popular sobre violência contra a mulher, obtidos com exclusividade pelo Estado. 
Segundo o levantamento, o índice elevado de jovens que já foram atores ou vítimas de agressões tem relação com a família. A maioria já presenciou casos de violência entre os pais.
A pesquisa foi encomendada pelo Instituto Avon e entrevistou 2.046 mulheres e homens, entre 16 e 24 anos, das cinco regiões do País. 
Na primeira fase, os jovens se manifestaram espontaneamente sobre casos de violência, assédio e ameaça nos relacionamentos. Poucos admitiram que praticaram ou foram alvo desse tipo de ação: 4% dos homens e 8% das mulheres. 
O motivo, segundo os pesquisadores, é porque os jovens associam violência contra a mulher apenas à agressão física. 
"A diferença das porcentagens está no conceito de violência. Muitos não consideram ser empurrada como uma agressão e isso se tornou natural. É uma falta de compreensão do que é o machismo e como isso pode interferir nas relações", explicou Renato Meirelles, presidente do Data Popular.
Quando os entrevistados são apresentados aos tipos de violência, o número de infrações aumenta. 
Invasão de privacidade, xingamento, controle da relação, humilhação e agressão física são as ações mais comuns enfrentadas pelas mulheres. 
Além disso, 78% delas já sofreram assédio em locais públicos, como cantadas em festas e baladas, toques físicos sem consentimento e beijos à força. 
A pesquisa revela que parte dos casos violentos nos relacionamentos entre jovens é uma herança familiar - 43% dos entrevistados já presenciaram a mãe ser agredida pelo pai e quase a metade saiu em defesa da mãe. 
Os homens que presenciaram violência doméstica reproduzem mais atitudes agressivas - 64% dos que tiveram a mãe violentada repetiram os mesmos atos.
"O jovem não admite o ambiente que ele vê em casa, interfere, protege, mas, ao mesmo tempo, está executando as mesmas posições, com mais controle e poder sobre a mulher", afirmou Lírio Cipriani, sociólogo e diretor executivo do Instituto Avon. 
O levantamento também constatou a percepção dos jovens sobre os direitos femininos.
Quando questionados se concordam com a Lei Maria da Penha, que aumentou o rigor das punições aos homens que cometem agressões contra mulheres, 96% se mostraram a favor da medida. 
A mesma proporção considera que a sociedade brasileira é machista. 
Boa parte dos entrevistados, no entanto, concorda ou acha correto atos que diminuem as mulheres.
Para os jovens, a menina deve ter a primeira relação sexual em namoro sério. 
Homens e mulheres (42% e 41%, respectivamente) entendem que elas devem ficar com poucos homens. 
Eles ainda afirmam que não namoram com meninas que tem vida sexual muito ativa. 
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Estadão Conteúdo) 

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