segunda-feira, 23 de março de 2015

HSBC: LAVA, LAVA, RICO DINHEIRINHO PARA ESSA GENTALHA

Quatro membros da família de Jorge Amado constam dos arquivos extraídos da filial do banco HSBC em Genebra pelo ex-técnico de informática Hervé Falciani. 
Além do escritor, que morreu em 2001, aparecem na lista sua mulher Zélia Gattai, falecida em 2008, e os dois filhos: a editora gráfica Paloma e o escritor João Jorge. 
Segundo o HSBC, a conta da família na Suíça foi aberta seis meses antes da morte de Jorge e, em 2006/2007, estava zerada.
O cineasta Andrew Waddington, mais conhecido como Andrucha, também é listado como dono de uma conta numerada no banco suíço. 
Sócio da produtora Conspiração Filmes, ele aparece nos registros dividindo uma conta com seu irmão Ricardo Waddington, que hoje é diretor da TV Globo. Em 2006 e 2007, a conta dos dois não tinha saldo.
O também cineasta Hector Babenco surge com um registro de correntista aberto em abril de 1988 e fechado em junho de 1992.
Os atores Claudia Raia e Edson Celulari, que se separaram em 2010, são identificados como donos de uma conta conjunta que, em 2006/2007, guardava um total de US$ 135,7 mil.
O nome do ator Francisco Cuoco também aparece na lista do SwissLeaks. 
E ainda há mais duas atrizes nos arquivos do HSBC: Maitê Proença e Marília Pêra
A primeira consta como tendo aberto uma conta em Genebra em abril de 1990. Em 2006/2007, Maitê tinha US$ 585,2 mil em seu nome. 
Marília, por sua vez, aparece com um registro de abertura de conta em fevereiro de 1999. Em 2006/2007, ela dispunha de US$ 834 mil.
O apresentador Jô Soares é relacionado a quatro contas numeradas, abertas entre abril de 1988 e janeiro de 2003. Em 2006/2007, todas elas estavam zeradas. Nos documentos do banco, Jô aparece associado a duas pessoas jurídicas: a Lequatre Foundation, de Liechtenstein, e a Orindale Trading, nas Ilhas Virgens Britânicas.
Também constam na lista de brasileiros o músico Tom Jobim, que morreu em 1994. Ele dividiu uma conta com a mulher, Ana Lontra Jobim, que, por sua vez, ainda aparece como dona de outras duas contas. 
O publicitário Roberto Medina surge nos registros como correntista entre os anos 1990 e 2000. Em 2006/2007, a conta dele estava zerada.
Na lista, constam ainda nomes de celebridades cujas contas bancárias são de período anterior à sua condição de pessoa pública.
Com exceção de Jô Soares e Ricardo Waddington, os artistas e intelectuais listados nas planilhas do HSBC de Genebra, desenvolveram ou participaram de trabalhos financiados, em parte, por dinheiro de fomento à cultura.
Claudia Raia, por meio da “Raia Produções”, captou, de 2009 a 2015, R$ 7,4 milhões via Lei Rouanet para os musicais “Pernas pro Ar”, “Charlie Chaplin” e “Raia 30 Anos”. 
Edson Celulari, por meio da Cinelari Produções Artísticas, captou, de 1997 a 2012, R$ 2,6 milhões para as peças “D. Quixote de lugar nenhum”, “Fim do jogo”, “Nem um dia se passa sem notícias suas” e “Dom Juan”.
A Conspiração Filmes, de Andrucha, captou R$ 11,8 milhões, conforme dados do Ministério da Cultura (MinC). O dinheiro foi liberado para projetos como “Taça do Mundo é Nossa", Casseta & Planeta O Filme”, “Matador” e “Eu Tu Eles”.
Marília Pêra, através da Peramel Produções Artísticas, captou R$ 100 mil via Lei Rouanet para montar e divulgar a peça “A filha da...”, que estreou em 2002 com a própria Marília em cena.
A HB Filmes, de Hector Babenco, captou R$ 16,2 milhões para trabalhos como o filme “Carandiru” e a peça de teatro “Hell”.
Ainda segundo dados do MinC, a empresa Rock World, de Roberto Medina, captou R$ 13,6 milhões para o Rock in Rio 2013 e 2015.
A empresa M. Proença Produções Artísticas, de Maitê, captou R$ 966,9 mil via Lei Rouanet para as peças “Achadas e Perdidas”, “Isabel” e “A Beira do Abismo me Cresceram Asas”.
O ator Francisco Cuoco já atuou em peça patrocinada em 2009 pela estatal Eletrobras (“Deus é química”). Em 2011, estrelou “Três Homens Baixos”, com apoio da Lei Rouanet.
A Fundação Casa de Jorge Amado, que funciona em Salvador, conta com apoio do MinC. Segundo a assessoria da pasta, entre 2009 e 2012, recebeu do Fundo Nacional de Cultura R$ 477 mil e captou pela Lei Rouanet R$ 1,2 milhões.
Na mesma lei, a Fundação Tom Jobim captou R$ 1,7 milhão. O dinheiro foi usado em eventos como a exposição Tom Jobim, Música e Natureza.

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