Logo após uma representação do musical South Pacific, no final dos anos de 1940, a atriz e cantora Mary Martin recebeu a visita de Helen Keller em seu camarim.
Nessa época, Helen Keller já havia começado a fazer viagens pelo mundo sempre em benefício dos cegos, fato esse que a tornara bem conhecida.
Nessa época, Helen Keller já havia começado a fazer viagens pelo mundo sempre em benefício dos cegos, fato esse que a tornara bem conhecida.
Tomando entre as suas as mãos da escritora surda e cega, Mary Martin agradeceu efusivamente a presença da grande mulher:
- Sua visita é uma grande honra para mim. Uma honra imensa.
A companheira de Helen transmitiu a mensagem da artista, batendo-lhe com os dedos no pulso.
Em seguida, Helen Keller começou a falar, numa linguagem entrecortada como de alguém que teve que aprender a falar sem jamais ter ouvido som algum da voz humana, e foi muito bem entendida por Mary.
Disse a escritora:
- Gostei-do-francês-da-nativa-do-namorado-dela-todos... Bonita-história... Porém-o-que-mais-gostei-foi-esta-canção.
Foi quando a atriz e as pessoas presentes constataram um milagre.
Marcando o compasso com um dedo estendido, Helen Keller pronunciou em perfeito ritmo de valsa toda a letra do estribilho de I`m in Love With a Wonderful Guy.
Em seguida, aproximou-se de Mary, que ainda enxugava as lágrimas, assim como todos os que estavam naquela sala, dizendo-lhe:
- Permite-me?
Estendeu as mãos, tocou nos cabelos da estrela, demorando-se nos cachos.
Depois, os dedos procuraram o rosto de Mary, gravando a imagem de suas feições.
Meneando a cabeça, lenta e suavemente, Helen Keller sentenciou:
- Para-mim-você-é-o-espírito-da-eterna-juventude.
E retirou-se dali, de braços dados com sua acompanhante, deixando no ar a luz do seu sorriso que demorou-se ainda um tempo por ali, com as pessoas todas preocupando-se em limpar de alguma forma as lágrimas que lhes teimavam jorrar dos olhos.
Foi um momento mágico, segundo Harry Evans, fundador da revista Family Circle.
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