domingo, 17 de maio de 2015

O VÔO DO COLIBRI



De meus pesos me desfiz.
E descobri a liberdade de não ter.
Doce liberdade essa de voar acima do querer tanto.
E saber que o tanto é desencanto.
Doce, como é doce a liberdade de subir ao céu sem passar pelas portas de tantas igrejas que trancam o caminho e criam uma porção de medos e aparam as asas de quem sente que a liberdade é um vazio onde pairam o Sol, a Lua, as estrelas e todos os sonhos.
Não se teme nem se foge mais de nada quando se flutua sobre o nada.
O nada é o tudo desfeito.
E o amanhã é só uma pluma solta num vento sem rumo.
Doce, como é doce essa liberdade de não ter para onde ir.
Ah, essa liberdade, doce liberdade de voar sem medo da vida ou da morte.
A morte que morre em mim é a vida.
E a vida que vive em mim é a morte.
Não vim ao mundo, sempre estive aqui.
E que seria do mundo sem mim?
Ah, como é doce voar nas asas da doce loucura de Deus.

(Do livro Ayauasca e a Magia de Viver, de Miguel Arcanjo Terra)

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