segunda-feira, 27 de julho de 2015

MIGUEL DO CARMO, O PRIMEIRO JOGADOR DE FUTEBOL NEGRO DO BRASIL


O primeiro negro a jogar futebol por um clube brasileiro foi Miguel do Carmo, um dos fundadores da Ponte Preta, time de Campinas, no interior de São Paulo. 
Essa história de pioneirismo começa em 11 de agosto de 1900.
Miguel do Carmo nasceu em 10 de abril de 1885 em Jundiaí, também no interior paulista, três anos antes da abolição oficial da escravatura no Brasil, com a Lei Áurea, em 1888.
Aos 15 anos de idade, junto com outros garotos e rapazes do bairro da Ponte Preta, fundou o clube com o mesmo nome.
Miguel era ferroviário, trabalhava como segundo fiscal de linha da Companhia Paulista de Estradas de Ferro em Campinas, e seria só mais um dos que se empolgaram com o futebol, esporte que havia chegado recentemente ao país, não fosse pela cor da sua pele.
A situação era impensável naquele fim de século. Os times que jogavam futebol no Brasil eram de clubes da elite branca. Alguns deles, inclusive, tinham regras que proibiam explicitamente a presença de negros em seus quadros - Arthur Friedenreich, um dos maiores atletas da era amadora do futebol, filho de pai alemão e mãe negra, alisava os cabelos crespos antes de entrar em campo.
Miguel do Carmo se casou, teve dez filhos, mas morreu jovem, aos 47 anos, em 1932, depois de passar por uma cirurgia no estômago. Além disso, pouco se sabe a respeito dele.
Ajuste histórico - Até hoje, o Vasco da Gama e o Bangu, times do Rio de Janeiro, disputam o pioneirismo da democracia racial no futebol que, de fato, é da Ponte Preta.
De acordo com o livro "O Negro no Futebol Brasileiro", do jornalista Mário Filho,
publicado em 1947, em 1923, o Vasco chocou o Rio ao vencer Flamengo, Botafogo e Fluminense, clubes da elite carioca, e conquistar o campeonato local com um time formado, principalmente, por negros e mulatos. Mas, antes disso, em 1905, o Bangu foi o primeiro clube a aceitar um jogador negro, ao ter o apoiador Francisco Carregal no meio-campo.
Miguel do Carmo, entretanto, jogou pela Ponte Preta até 1904, quando foi transferido pela Companhia Paulista para Jundiaí, como conta o historiador José Moraes dos Santos Neto, responsável pela pesquisa que pretende realinhar a cronologia da participação de negros no futebol.
Faleceu aos 47 anos, depois de passar por uma cirurgia no estômago.

Fonte: livro “O Negro no Futebol”

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