terça-feira, 1 de setembro de 2015

BOM DIA, SETEMBRO!

Dizia meu saudoso pai que “ São Miguel é a terra dos ventos uivantes. É de arrepiar até o fio da espinha o tal de vento do mar que aqui inferniza o cristão. Aqui venta como rabo de rojão, com rajadas que fazem partir os beiços e encoscorar o couro da cara, encrespar meus lisos fios de cabelo e dar vontade da gente dormir com as galinhas".
A cada dia que envelhecemos, mais temos certeza de que não é o lugar onde nascemos que permanece vivo e martelando na nossa memória. 
O que acontece é que preenchemos o vazio deixado pelos entes queridos que já partiram lembrando daquela rua, daquele ribeirão, daquele fogão à lenha, daquela panela preta, do porco na engorda, do touro no cio, da água jorrando na nascente branquinha como os antigos pensamentos, da missa do galo, da praça, da escola...  
Então...
Tem gente que nunca ouviu falar do verbo encoscorar, mas não custa nada pegar um dicionário e provar da delícia de descobrir o significado de certos termos, não é mesmo? Quando menina, sempre adorei fazer isso; tanto que do Aurelião confeccionava vários outros pequenos dicionários e cuidava para utilizar todas as palavras nas crônicas, nos poemas e nos contos que escrevia.
Para encurtar o seu trabalho, que tal se hoje a gente for dormir com as galinhas depois de degustar coscorões regados a café com leite bem quentinho?
Você não encontrou encoscorar ainda?
Tem o dia todo.
Muito bom dia!
 

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