Fonte: Nossas Letras Letras, Arte e Cia
14/03/2015
Autor(a): Roberto de Paula Barbosa
Função: Leitor
Há alguns dias acabei de ler o livro Chico Franco, de meu amigo Luiz Cruz de Oliveira, e ao término de cada história eu me via passeando na Franca da década de cinquenta e sessenta.
Sob as pálpebras do Chico Franco, me vi em uniforme de marinheiro, todo branquinho com listas azuis, então com seis anos de idade, carregando minha lancheira amarela, sob o olhar atento da Professora Sônia Luz, do Grupo Escolar Cel. Francisco Martins, juntamente com a classe, todos com o mesmo uniforme, em um passeio nos jardins em frente do Hotel Francano.
Em certo momento, apertou-me uma dor de barriga e fui falar com a Professora – naquela época ainda não as chamávamos de “Tia”.
Enquanto, constrangida, foi falar com os recepcionistas do hotel, não houve mais tempo de espera e saí correndo pela Rua Campos Salles, em direção à Sapataria Barbosa, de meu pai, que ficava em Frente à Cadeia, nos fundos do Grupo Escolar, ainda sob o olhar baço do Venerável Sr. Chico Franco.
Não há necessidade de dizer que meu pai teve que montar em sua bicicleta Humber, ir até à nossa casa para buscar roupas limpas para o seu menino.
Quando o Chico Franco menciona a Rua dos Bondes, vejo-me nela, onde eu morava, no último quarteirão, só que no lado oposto da morada dele, e a rua terminava em um buracão, que ficava no Campo das Galinhas e Chácara das Freiras. Juntamente com os moleques da Vila – um cortiço que havia como última construção antes do buracão – esquadrinhávamo-lo, até o córrego Cubatão, onde acabava. Vi-me nadando pelado nas águas limpas do córrego, aonde as mulheres da Santa Cruz vinham lavar roupas.
Quando o Chico Franco menciona a Rua dos Bondes, vejo-me nela, onde eu morava, no último quarteirão, só que no lado oposto da morada dele, e a rua terminava em um buracão, que ficava no Campo das Galinhas e Chácara das Freiras. Juntamente com os moleques da Vila – um cortiço que havia como última construção antes do buracão – esquadrinhávamo-lo, até o córrego Cubatão, onde acabava. Vi-me nadando pelado nas águas limpas do córrego, aonde as mulheres da Santa Cruz vinham lavar roupas.
Chegando a casa, já tarde, meus pais queriam saber por onde eu andara e, diante da mentira, já que meu cabelo entregava-me, levava umas correiadas para aprender a não mentir.
Assim, em cada história do Chico Franco, eu me vi passeando por elas.
Assim, em cada história do Chico Franco, eu me vi passeando por elas.
Rua da Estalagem; jogo da Francana com o Araçatuba em 1977, com vitória de 2 x 0, subindo para divisão especial; o Sr. Jorge Kairalla, atencioso em sua “A Lâmina de Ouro”; Agência Brasil, onde comprava cadernos; ver os brinquedos, não os podia ter, e a chegada do Papai Noel, na vitrine da Casa Bettarello, onde tudo era “Bom, Barato e Belo”.
Os contos, no livro, estão em ordem alfabética, motivo pelo qual me vejo com seis anos, vão aos doze, volta aos oito, mas aviva-me a memória e dá-me uma saudade indômita, deixando-me com olhos marejados quando as pálpebras do Chico Franco fecham-se, fazendo com que meu coração fique apertadinho pela mão do passado, que só os seus olhos tem capacidade de aliviar.
Roberto de Paula Barbosa, aposentado e leitor.
Os contos, no livro, estão em ordem alfabética, motivo pelo qual me vejo com seis anos, vão aos doze, volta aos oito, mas aviva-me a memória e dá-me uma saudade indômita, deixando-me com olhos marejados quando as pálpebras do Chico Franco fecham-se, fazendo com que meu coração fique apertadinho pela mão do passado, que só os seus olhos tem capacidade de aliviar.
Roberto de Paula Barbosa, aposentado e leitor.
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