sábado, 12 de dezembro de 2015

OS CURRAIS CAIPIRAS DO INTERIOR



Missionário Olímpio, primeiro da esquerda para a direita, e Rodrigo Moraes, terceiro da esquerda para a direita, com integrantes do grupo do prefeito Calá, na festa do peão de 2014.

Pode ser dito que se trata de uma gafe, ou, pior ainda, de um mau caratismo parlamentar a outorga de determinados títulos de cidadania. 
Geralmente, vereadores inaptos, ausentes dos acontecimentos políticos mais distantes, atuais ou não, apresentam proposituras para homenagear com títulos de cidadania as mais nefastas personalidades e, às vezes, porque as tais não fazem ou não fizeram mais que obrigação em atender o município. 
Assim, recebem títulos de cidadãos nas mais ingênuas, ou interesseiras, casas de leis, ex-torturadores, sonegadores de impostos, traficantes de drogas, pedófilos, agressores de mulheres, políticos corruptos, envolvidos com PCC, com neonazistas, etc. 
Neste desnível de caráter parlamentar a Câmara de Angatuba, que não é diferente, entre outros deslizes, outorgou título de cidadania ao deputado federal José Olimpio (PP), também conhecido como “Missionário Olímpio”, e para a ex-deputada federal Aline Correa (PP), ambos citados na Operação Lava Jato como beneficiários de dinheiro ilícito da Petrobrás e investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), como foi noticiado pelo Estadão em sua edição de 29 de novembro último.
Integrante de um dos partidos que mais tem casos de corrupção, Olímpio recebeu o título de cidadania em noite festiva do final de 2013. 
Na ocasião, um título também foi entregue a seu filho, o deputado estadual Rodrigo Moraes (PSC). 
Olímpio, que também é evangélico da Igreja Mundial do Poder de Deus, do famoso e milionário bispo Valdemiro Santiago, na ocasião do título, jurou amores eternos pelo grupo do prefeito Carlos Augusto Calá Turelli (PSDB), “lançou” a candidatura à prefeitura do vice-prefeito João Luiz Meira, e até voltou para a mega festa do peão de 2014 quando foi abraçado efusivamente por toda trupe política que governa a cidade e por outros que abraçam qualquer deputado que aparece na frente.
O deputado foi ovacionado por vereadores da bancada situacionista, principalmente, por ter tramitado emenda que liberaria R$ 1 milhão do Governo Federal para pavimentação de ruas, destas cujo asfalto se transforma em farelo, em buracos, em menos de seis meses da obra terminada, detalhe que desperta suspeita mas que pode ser alvo de outra matéria .



Aline Correa

Com relação à ex-deputada Aline Correa, que não foi reeleita em 2012, o primeiro contato de angatubenses com ela foi em Brasília, em 2011 ou 2012, quando vereadores do prefeito e assessores da prefeitura viajaram constantemente para a capital federal até porque queriam “andar de avião”, usufruírem de hotéis de boa categoria e se alimentarem em restaurantes bem estrelados, tudo isso por conta do dinheiro público, algo que nem precisava pois os deputados paulistas têm seus escritórios políticos em seus redutos principais, como no caso de Olímpio, em Itu, e o de Aline, em Campinas. 
Pois, então, a deputada teria passado perto da comitiva angatubense no saguão da Câmara dos Deputados, e um dos assessores do prefeito Calá, um que é bem falastrão e fofoqueiro, se entusiasmou, “que mulherão!”. 
Logo ficaram sabendo que se tratava de Aline Correa, deputada federal, e correram sequiosos para o gabinete dela. 
Contatos mantidos, os vereadores do grupo começaram a elaborar requerimentos com pedidos direcionados ao gabinete dela. 
Não se sabe se algum foi atendido, mas num piscar de olho um dos “nobres colegas” logo fez seu decreto legislativo para dar título de cidadania à “linda deputada”, que, provavelmente até então nem sabia que Angatuba existia. 
A propositura foi aprovada por unanimidade, porém, o título de cidadão angatubense para Aline, a exemplo de outra dezena, mais ou menos, que se encontra entulhada nas gavetas da casa de leis angatubense, incluindo o do juiz de Direito Alexandre Levy Perrucci, de 2009, ainda não foi entregue.
Quanto ao missionário Olímpio, a notícia de seu envolvimento com a Lava Jato, o fato já havia sido noticiado neste mesmo canal de comunicação, em março de 2014, mas como o próprio Estadão acentua, ele é um dos que continuam sendo investigados, assim como Aline Correa, que por sinal, é vice-presidente nacional do PP, partido que tem como presidente no estado de São Paulo, o deputado Guilherme Mussi, que recebeu título de cidadão angatubense em 2011.

Ayr Antunes, no Onda 21.

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