terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A HISTÓRIA DE ABDALA JABUR E DULCE MONTEIRO, OS PAIS DE JORGE

O COZINHEIRO
A loja de fazendas, calçados, roupas feitas, chapéus, armarinhos, etc., propriedade da empresa Abdala Jabur e Filhos, em São Miguel Arcanjo, estava inscrita sob número UM na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.
A firma ser detentora da inscrição estadual no. UM era motivo de orgulho para o empresário libanês Abdala Jabur.
De fato, esse levantino, comerciante muito bem sucedido em São Miguel Arcanjo imigrou para essa localidade na segunda década do século passado.
Depois de ter trabalhado algum tempo, já com a sua situação financeira consolidada, contraiu núpcias com Ana Ibrahim. Ana, excelente esposa, presenteou o marido com seis filhos: João, Lola, Futina, Jabur, Jamil e Nassim.
Ana, cuja saúde não era das melhores, faleceu no início do ano de 1931, aos 33 anos de idade.
Sentindo que começava a perder suas forças, Ana chamou o marido para pedir-lhe que contraísse novo matrimônio, já que os seus filhos necessitavam de cuidados. Recomendou ainda que ele se casasse com Dulce Monteiro, sua amiga e vizinha e que também era viúva.
Para satisfazer a moribunda, prometeu que se casaria com sua recomendada.
No ano seguinte, cumpriu sua promessa, desposando Dulce Monteiro. Esta que foi sua companheira e esposa pelo resto da vida, deu-lhe uma filha, Glorinha, e dois filhos: Jorginho e Nadim.
Abdala estimava muito aos membros da colônia libanesa e gostava de participar das suas festas para cantar em árabe, pois tinha uma bela voz, reconhecida por todos.
Semanalmente ia a Itapetininga para tratar dos seus negócios. Na volta, o ônibus fazia parada em Gramadinho por cerca de quinze minutos. Era o tempo suficiente para que ele desse uma corridinha para visitar um patrício.
O ponto de ônibus ficava entre as residências do Salomão José e do Elias Jorge Daniel. 
Não havendo tempo para visitar os dois, um dia visitava Salomão, outro Elias.
Numa dessas visitas, um filho do Salomão tinha levado um tombo, abrindo a testa. Abdala não hesitou, carregou o pesado garoto em seus braços e  levou-o quase correndo para a casa do Elias Jorge, que fazia as vezes de farmacêutico, onde o menino foi tratado.
Além de prestativo e trabalhador, era também criativo.
Captando água de um córrego, em terreno de sua propriedade, Abdala construiu uma piscina olímpica, com vestiários, banheiros, gramados, etc. No mesmo terreno, fez um tanque para criar trutas, além de plantar morangos e outras frutas finas.
A piscina, no início, funcionava para familiares e convidados. Entretanto, como a procura pela mesma era grande, já que única na cidade, transformou-se em Clube, passando a ser utilizada por associados.
Para Abdala, a família estava cima de tudo.
Curioso, no entanto, seu hábito de beijar os filhos, e tão somente os filhos; as filhas, não beijava...
Abdala era bom cozinheiro, gostava de fazer trigo com frango.
Sua neta Rosana, filha do casal Wadih e Glorinha, gostava do coranchim.
Um dia, quando o frango foi servido, o coranchim não foi encontrado. Abdala correu até um bar e comprou um coranchim para satisfazer a neta.
Em outras oportunidades, o coranchim era devidamente amarrado para que não se extraviasse novamente.
Outros pratos árabes, não muito comuns, que ele gostava de fazer:
Antábal - beringela com tahine;
Babaganuche - beringela com coalhada;
Labnie - arroz cozido com coalhada;
Antable - trigo cozido com coalhada;
Xix barac - pastelzinho com carne cozido na coalhada.
Evidentemente esses pratos tem a sua condimentação e técnicas para feituras adequadas e são deliciosos.
Abdala Jabur ao falecer em 1967, com 74 anos de idade, deixou um belo cabedal para sua família, moral e finaceiro. 
Destaque para seu neto Nadim Jabur Filho, engenheiro mecatrônico, formado pela Faculdade de Engenharia Industrial - FEI - de São Bernardo do Campo, onde foi considerado o melhor aluno da faculdade em todos os tempos.

Fonte: A Saga dos Libaneses e Sírios em São Miguel Arcanjo e região, de Farid Salomão José.

Na foto, ao alto: Nadim, Jorge e Jamil Jabur.
No centro, a partir da esquerda: Wadih Hakim com a esposa Glorinha Jabur, Abrão Hakim com a esposa Lola Jabur, Fadua e o esposo Jaburzinho, Nacim, Futina, Nadima e o esposo Fadel.
A senhora mais idosa é a sogra de Abdala, mãe de José Ibrahim, avó do Jorge Jabur, que era conhecida como Citfuda.
As crianças, filhos de Fadel.
A foto original é uma relíquia muito bem guardada por Sônia Galvão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário