A acusação da ex-namorada
Mirian Dutra diz que Fernando Henrique usou empresa para pagar US$ 3 mil mensais ao filho deles. O ex-presidente nega.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele reconheceu Tomás como filho em 2009 (Foto: Fabio Braga/Folhapress)
A jornalista Mirian Dutra deu uma entrevista na semana passada ao jornal Folha de S.Paulo em que fez uma acusação ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Mirian Dutra diz que Fernando Henrique usou empresa para pagar US$ 3 mil mensais ao filho deles. O ex-presidente nega.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele reconheceu Tomás como filho em 2009 (Foto: Fabio Braga/Folhapress)
A jornalista Mirian Dutra deu uma entrevista na semana passada ao jornal Folha de S.Paulo em que fez uma acusação ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Mirian e Fernando Henrique mantiveram um relacionamento entre 1985 e 1991, período em que Mirian deu à luz Tomás.
À época, Mirian disse que Tomás era filho do ex-presidente.
A acusação: segundo Mirian, Fernando Henrique se valia de uma empresa no exterior, a Brasif Exportação e Importação, para enviar US$ 3 mil mensais a Mirian e a Tomás, numa época em que mãe e filho moravam em Barcelona, na Espanha.
Para isso, Mirian assinou um contrato fictício com a Brasif.
Em tese, ela era funcionária da empresa, que administrava lojas de free shop em aeroportos.
Na prática, segundo ela própria, nunca pisou numa loja da Brasif.
O contrato fictício vigorou entre 2002 e 2006.
Mirian e Fernando Henrique se conheceram em 1985, em Brasília, onde ela trabalhava como jornalista da TV Globo e Fernando Henrique exercia mandato de senador.
Mirian e Fernando Henrique se conheceram em 1985, em Brasília, onde ela trabalhava como jornalista da TV Globo e Fernando Henrique exercia mandato de senador.
Após o nascimento de Tomás, em 1991, o relacionamento acabou e Mirian, por vontade própria, se mudou para Portugal. Morou também na Inglaterra e na Espanha.
Apesar de não ter registrado Tomás num primeiro momento, Fernando Henrique ajudou em seu sustento e sempre o tratou como filho.
O contrato com a Brasif foi mediado pelo ex-cunhado de Mirian, o jornalista Fernando Lemos.
Durante anos, especialmente entre 1995 e 2002, enquanto Fernando Henrique governava o país, Lemos e sua mulher, Margrit, atuavam como intermediários entre Mirian e o ex-presidente em algumas ocasiões.
Fernando Lemos morreu em 2012.
Mirian afirma que aceitou a proposta da Brasif porque passava por dificuldades financeiras para sustentar Tomás na Espanha, onde vivia na ocasião.
Mirian afirma que aceitou a proposta da Brasif porque passava por dificuldades financeiras para sustentar Tomás na Espanha, onde vivia na ocasião.
Segundo ela, o dinheiro que vinha da Brasif era, na verdade, de Fernando Henrique.
De acordo com Mirian, Fernando Henrique disse ter depositado US$ 100 mil em uma conta da Brasif, que sacava parte do valor todos os meses e fazia o pagamento.
Por meio de nota enviada pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente conta uma história diferente.
Por meio de nota enviada pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente conta uma história diferente.
Ele afirma que os recursos usados para sustentar Tomás “provieram de rendas legítimas de meu trabalho, depositadas em contas legais e declaradas ao IR, mantidas no Banco do Brasil em NY/Miami ou no Novo Banco, Madri, quando não em bancos no Brasil”.
Fernando Henrique afirma ainda que “nenhuma outra empresa, salvo as bancárias já referidas, foi utilizada por mim para fazer esses pagamentos. Com referência à empresa citada no noticiário de hoje, trata-se de um contrato feito há mais de 13 anos, sobre o qual não tenho condições de me manifestar enquanto a referida empresa não fizer os esclarecimentos que considerar necessários”.
A Brasif era detentora de um ótimo negócio, o monopólio da venda de produtos importados, sem imposto, nos free shops dos aeroportos brasileiros.
A Brasif era detentora de um ótimo negócio, o monopólio da venda de produtos importados, sem imposto, nos free shops dos aeroportos brasileiros.
Seu dono, o empresário Jonas Barcellos, tem até hoje bom relacionamento com vários políticos.
Em 2006, a Brasif foi vendida ao grupo suíço Duty, por US$ 500 milhões.
Barcellos disse ao jornal não se lembrar de detalhes do contrato com Mirian Dutra.
ÉPOCA não conseguiu falar com ele.
Em nota, a Brasif afirma que “a Brasif Duty Free Shop Ltda. contratou, em dezembro de 2002, a jornalista Mirian Dutra para realizar pesquisas sobre os preços em lojas e free shops na Europa”.
Que “o jornalista Fernando Lemos, cunhado da jornalista Mirian Dutra, indicou-a para tal contratação”.
E que “o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não teve qualquer participação nessa contratação, tampouco fez qualquer depósito na Eurotrade ou em outra empresa da Brasif”.
Após a morte da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, com quem foi casado por 55 anos, Fernando Henrique decidiu reconhecer formalmente Tomás como filho.
Após a morte da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, com quem foi casado por 55 anos, Fernando Henrique decidiu reconhecer formalmente Tomás como filho.
Fez isso em um cartório em Madri, em 2009.
Em 2011, ele e Tomás fizeram dois exames de DNA, a pedido dos três filhos que Fernando Henrique teve com Ruth – Paulo Henrique, Beatriz e Luciana.
O primeiro teste, em São Paulo, deu negativo; um segundo, feito em Nova York, também – o que indica que Tomás não é filho biológico de Fernando Henrique.
Apesar dos resultados, o ex-presidente disse que nada mudou no relacionamento entre eles.
Fernando Henrique continuou a pagar as despesas de Tomás na universidade que frequentava nos Estados Unidos.
“Quando possível, atendo-o nas necessidades afetivas”, disse Fernando Henrique na nota divulgada pelo Instituto. Recentemente, Fernando Henrique doou a Tomás um apartamento de n 200 mil em Barcelona e “alguns recursos” para bancar seu curso de mestrado.
“A doação para a compra do imóvel foi feita por intermédio de transferências de recursos meus no Bradesco com o conhecimento do Banco Central”, diz a nota de Fernando Henrique em outro trecho.
Mirian rompeu seu contrato com a TV Globo no final do ano passado, depois de trabalhar por 35 anos na emissora.
Mirian rompeu seu contrato com a TV Globo no final do ano passado, depois de trabalhar por 35 anos na emissora.
Em nota, a TV Globo afirma que “não interfere na vida privada de seus colaboradores. Esclarece, porém, que jamais foi avisada por Mirian Dutra sobre o contrato fictício de trabalho e que, se informada, condenaria a prática. A emissora informa ainda que em junho de 2004 (e não em 2002) o contrato de colaboradora de Mirian Dutra foi alterado, com mudanças em suas atribuições, o que acarretou nova remuneração, tudo segundo a lei vigente no país em que trabalhava. Por último, a TV Globo jamais foi informada por Mirian Dutra sobre seu desejo de regressar ao Brasil. Ao contrário, ela sempre manifestou o interesse de permanecer no exterior. Durante os anos em que colaborou com a TV Globo, Mirian Dutra sempre cumpriu suas tarefas com competência e profissionalismo”.
ÉPOCA
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