O PMDB abala o governo em apenas três minutos. A saída já era esperada, mas a rapidez do anúncio mostra o desprezo do partido com o governo.
LEANDRO LOYOLA /ÉPOCA
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A presidente Dilma Rousseff sabia que ia acontecer, seus ministros e assessores mais próximos também.
Mas houve um pouco de crueldade no rito final. O PMDB gastou apenas três minutos de reunião para anunciar que estava fora do governo, nesta terça, em Brasília. Desembarcou de uma aliança de uma década com o PT e abriu mão de sete ministérios e mais de 600 cargos sem qualquer piedade, pompa ou enrolação, num intervalo de tempo suficiente para fritar um ovo. O PMDB não deixa dúvidas que considera o governo falido. Dilma e o PT devem brigar até o fim contra o processo de impeachment que corre na Câmara, mas o desembarque do PMDB nos termos de agora há pouco indicam as poucas chances de sucesso dessa empreitada.
Reunião do PMDB que oficializou a saída do partido do governo da Presidente Dilma Roussef (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
O governo Dilma vive uma sucessão de terremotos, que geram desabamentos em sua sustentação.
A saída do PMDB é o maior deles, que pode levar a abalos menores, mas sensíveis a quem está debilitado. O próximo passo é saber quem seguirá o mesmo caminho. Afinal, se o maior aliado, com tantos cargos, tanta proeminência, deixou o governo com tal sem cerimônia, o que farão partidos menores, donos de menos agrados, em um governo em tão avançado estágio de deterioração política? Como na política não há espaço para heroísmos, apenas para pragmatismo, é natural que outras legendas tomem atitude semelhante – ou, na melhor das hipóteses, liberem seus integrantes para votar como quiserem no caso do impeachment. Como medida prática mais urgente, Dilma terá de escolher novos ministros para tocar a administração nos postos abandonados pelo PMDB. Será difícil recrutar interessados, menos ainda interessados que tragam algo importante. A quem oferecer cargos que devem durar pouco tempo? Poucos políticos são desinteressados o suficiente para aceitar algo assim. Todos estão, no momento, mais interessados no vice-presidente da República, Michel Temer, e no que pode ser seu eventual governo.
O impeachment é um processo complexo, sujeito a diversas contingências. O governo ainda joga este jogo, ainda busca votos para barrar a iniciativa.
Entretanto, o Palácio do Planalto sabe que perdeu uma das principais batalhas, daquelas que deixam até os líderes mais aguerridos e fiéis sem esperança.
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