terça-feira, 12 de abril de 2016

DE CALIANDRAS E CALADIUNS

caliandra flor


Das espécies de plantas que conheci, principalmente aquelas que nasceram no mato, como eu, as caliandras permanecem em minha memória tão nitidamente que ainda chego a confundir o cheiro das suas flores com o cheiro da minha infância toda vez que penso nelas.
Minha mãe, que adorava cultivar flores no sítio onde morávamos nunca arrancou um pé dessas caliandras para transplantar para a nossa casa. Eu, ao contrário, gostava de "roubar" dessas flores do mato, as caliandras também, e levar para viverem num vaso com água até que morressem, não sem antes admirá-las dia após dia.
Mas as caliandras...
O toque naquele pompom macio, que não se desmanchava facilmente, era tão agradável que ali ficava eu passando aquela flor nos braços, no rosto, no pescoço, no nariz, como se fora uma namorada extasiada e feliz, esquecida da vida e dos afazeres no sítio.
Galinheiro precisando de limpeza - " Já vou, mãe!"
Água faltando para os patos ( meu pai tomava um ovo de pata, cru, toda manhã) e para a galinhada toda - "Já vou, mãe".
E limpar os cochos, cortar mandioca e abóbora para os porcos - "Já vou, mãe".
Como eram sensíveis ao frio, lá um dia sumiam as caliandras para reaparecerem no verão. 
Nesse meio tempo, ocupava-me com outras flores, incluindo as caladiuns - folhagens: cada qual com suas folhas características com pintinhas brancas, rosas, verdes, vermelhas e outros desenhos, um mais lindo do que os outros.
Estas, sim, eram recebidas com prazer pela minha mãe, tanto que não tinha fim aqueles vasos maravilhosos onde ela plantava suas batatas.
Quando as folhas nasciam, eram a coisa mais linda que havia em nossa casa no sítio. 
Hoje não se encontra mais dessas batatas em minha cidade. Só no Vale do Ribeira, mais provavelmente em Sete Barras, de onde trouxe algumas batatas.
 
Bom dia para os amigos.
Saudade, mãe!
 

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