sexta-feira, 1 de julho de 2016

DEPOIS DO PARAÍSO, CLARO QUE É A VEZ DE CUNHA CONHECER O INFERNO




"Como venho falando há muito tempo para descobrir o caminho de todo o dinheiro movimentado por Eduardo Cunha só havia uma solução, prender o seu gerenciador, o seu caixa, que inclusive pagava as despesas pessoais do deputado em Brasília até cair no Mensalão e ter que explicar na CPI dos Correios porque bancava os gastos. Funaro administra uma quantidade de dinheiro pertencente a Eduardo Cunha incalculável. Boa parte dessa grana em aplicações no mercado de ações ou escondida em trustes e offshores. Engana-se quem pensa que a relação entre os dois começou há pouco tempo. Reportagens têm afirmado que Funaro aproximou-se de Cunha quando ele tinha forte influência na CEDAE, no ano de 2004, e provocou o rombo de R$ 35 milhões no fundo de previdência dos funcionário (PRECE) através de uma empresa do doleiro. A ligação deles é mais antiga. Vem da época em que indicado por PC Farias, Eduardo Cunha assumiu a presidência da TELERJ, e Funaro àquela época já era seu operador.
A operação de hoje tem como uma das bases a delação premiada de um afilhado de Cunha, o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto. Ele detalhou várias operações que tiveram aportes milionários do Fundo de Investimentos do FGTS em que Cunha levava comissões que eram cobradas pelo deputado pessoalmente ou em alguns casos por Funaro, seu administrador financeiro. Disse por exemplo que nas propinas cobradas por Eduardo Cunha, o deputado ficava em média com 85% do dinheiro para si, e o restante era dividido entre outros políticos do PMDB, o próprio Fábio Cleto, que levava pequeno percentual, e a empresa de Funaro.
Num dos casos relatados por Cleto, em 2012 a empresa Eldorado Brasil, do grupo JBS Friboi, recebeu R$ 940 milhões, e que Cunha ficou com 1% como comissão. Em outro caso de propina, a ALL (América Latina Logística) recebeu R$ 400 milhões do FI-FGTS. Cunha negociou pessoalmente e neste caso recebeu comissão de 0,5% (R$ 2 milhões depositados numa conta na Suíça). Outro caso relatado por Fábio Cleto trata-se da operação envolvendo a empresa Invepar e o Metrô Rio em 2012 e foram liberados do FGTS dos trabalhadores R$ 387 milhões. Segundo o delator, Cunha recebeu R$ 1,16 milhão (comissão de 0,3%). Em mais um caso detalhado pelo afilhado de Cunha, que era vice-presidente da Caixa Econômica Federal, o deputado recebeu propina para liberar obras no corredor Raposo Tavares, em São Paulo e para a concessionária Rota do Atlântico, em Pernambuco. Neste caso, o presidente afastado da Câmara recebeu R$ 2,5 milhões. Bem, a planilha de propinas é muito extensa, e segundo Cleto, quem fazia o controle da entrada e saída de recursos era Funaro, preso na operação de hoje. Segundo Fábio Cleto, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro além de ter tudo documentado nas planilhas se reunia periodicamente com ele e Eduardo Cunha às 7h30 na residência oficial da Câmara dos Deputados ou anteriormente no apartamento funcional de Cunha para decidir quais as operações interessavam a Cunha ou as que deveriam "melar".
Funaro não é firme, e tem um medo de cadeia, que já o levou a fazer delação premiada no caso do Mensalão. Há dias, ele sentindo que o cerco estava se fechando sobre Eduardo Cunha mandou um recado: "Amigo sinto muito, mas vou ter que falar". Se ele falar o inferno que Cunha vive hoje vai parecer sala com ar refrigerado porque aí a temperatura vai subir, e muito, porque Funaro tem os nomes e os valores repassados aos políticos que Cunha controla para lhe garantir apoio na Câmara. Cleto ao olhar a planilha de repasses perguntou a Funaro: "Quantos soldados compõem o exército do nosso chefe lá na Câmara". "Entre 100 e 150 fixos" respondeu Funaro, e acrescentou: "Alguns depende da votação". 
Raios e trovões ameaçam os céus de Brasília. 
 
Blog do Garotinho, hoje.

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