segunda-feira, 29 de maio de 2017

O BATALHÃO PADROEIRA DO BRASIL NA REVOLUÇÃO DE 1932

Uma frente de combate chamada “Linha Nossa Senhora Aparecida” ou um Batalhão Padroeira do Brasil soam estranho para quem pouco sabe sobre a Revolução Constitucionalista de 1932. 
Durante os três meses de conflito, Nossa Senhora esteve nas trincheiras, presente nos corações dos leigos e religiosos que lutaram pela democratização do país. 
E eis que a Terra da Padroeira passou por um dos maiores dilemas de sua história: retirar ou não a Imagem Milagrosa de seu Santuário para mantê-la em segurança?
 
Foto de: CDM -Santuário Nacional

Padres Antão, Andrade e Pires como capelães durante a Revolução Constitucionalista de 1932.

O nome da linha de combate foi uma homenagem à Padroeira do Brasil feita pelo Estado Maior do Exército Constitucionalista. 
A data cívica mais importante para o Estado de São Paulo não envolveu oficialmente a Igreja Católica, mas também não impediu a atuação de religiosos que concordavam com a proposta revolucionária de apoiar o Movimento que exigia uma nova Constituição para o Brasil e a manutenção do respeito político pelo Estado de São Paulo.
A centralização do poder na chamada “Era Vargas” (1930 a 1945) desencadeou o conflito armado que deixou saldo superior a mil mortes e envolveu diversas cidades do Vale do Paraíba, incluindo Aparecida. 
Por ser um importante ponto estratégico para a Frente Norte do conflito, a Terra da Padroeira foi bombardeada por meio de ataques aéreos, o que motivou a ação de padres que tomaram nitidamente posição favorável à Revolução, o principal deles Padre Antão Jorge, vigário e reitor do Santuário Nacional.
“Tirar a Imagem é arrancar-lhes a principal esperança. Que será depois se nossos soldados ficarem desesperados de sua vitória, por verem retirada a Padroeira, como se nossa causa já estivesse perdida?”
Líder nato, Padre Antão colaborou com o regimento do corpo expedicionário de aparecidenses prontos para o combate. 
Dedicado ao bem do povo, convicto de que era a melhor posição para o povo brasileiro e paulista, o Missionário Redentorista organizou com os vicentinos um hospital militar com sede na atual escola Chagas Pereira, chamado Hospital da Revolução para o atendimento de feridos. 
Disse ele, em carta ao arcebispo Dom Duarte Azevedo: “a menor entre as cidades paulistas não quer ser a última a contribuir para o triunfo do ideal pelo qual São Paulo está se batendo”. E assim concluía a mensagem: “A Padroeira do Brasil nos dê quanto antes a paz após a Vitória do Ideal Constitucionalista”.
Ao mesmo tempo em que seminaristas deixavam o Seminário Santo Afonso, partindo em trens lotados para a capital paulista, padre Antão acolhia intensamente jovens padres brasileiros, que se assumiram capelães militares, entre eles Padre Antônio Pinto de Andrade C.Ss.R., que esteve nas frentes de batalha em cidades como São José do Barreiro e Silveiras – além do Padre Pires, conferencista e escritor, e padre Alves, que também estiveram nos campos de batalha.

Foto de: CDM - Santuário Nacional

Padre Antão e o Pelotão da Saúde no Hospital da Revolução.

Em setembro, diante da necessidade de “esconder” a Imagem de Aparecida em um abrigo subterrâneo, o Arcebispo mostrou preocupação com o moral dos combatentes, que beijavam a Imagem sempre ao retornarem à luta. 
“Tirar a Imagem é arrancar-lhes a principal esperança. Que será depois se nossos soldados ficarem desesperados de sua vitória, por verem retirada a Padroeira, como se nossa causa já estivesse perdida?”, questionou. 
Em 25 de setembro, a Imagem foi levada para São Paulo, com o desejo escrito por padre Antão: “Esperamos que a poderosa Padroeira do Brasil alcance brevemente o fim destes dias de provação”.

O conflito encerrou e a milagrosa imagem da Virgem de Aparecida foi trazida de volta para Casa pelo próprio padre Antão, em 6 de outubro daquele ano, de onde continua abençoando e protegendo seus amados filhos.

Por Tatiana Bettoni, em 09 de Julho de 2014 às 09h51. Atualizada em 24 de Junho de 2015 às 08h47.
Fonte: Santuário Nacional.

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