Por Francine Galdino*, G1 Itapetininga e Região
(Foto: Lucas Cerejo/TV TEM)
“Consegui realizar o que mais queria, que era casar com o homem da minha vida. Me senti uma rainha em direção ao meu rei.”
O relato é da idosa Adail de Souza Lima, de 62 anos, que reencontrou depois de 48 anos o seu amor da adolescência, o aposentado Bonifácio Gonçalves de Faria, de 86 anos.
O reencontro foi no Lar São Vicente de Paulo, em Itapetininga (SP).
Com isso, decididos a viverem juntos e a “recuperarem” os anos de desencontros, os dois resolveram selar o amor e se casar na capela do lar onde moram.
Com a ajuda de grupos voluntários, o casal ganhou uma cerimônia nesta sexta-feira (23) com igreja decorada, buquê, marcha nupcial e, claro, muita emoção.
“Foi um dia muito especial. Não tem como não segurar as lágrimas. Eu sempre soube que ele era o homem da minha vida. Estávamos destinados a ficar juntos”, ressalta Adail.
(Foto: Lucas Cerejo/TV TEM)
De acordo com Adail, os dois se conheceram quando ela tinha 14 anos e morava em Cruzeiro do Oeste, no Paraná. Porém, a família não aceitava o relacionamento, pois na época Bonifácio tinha 39 anos.
“Ele foi contratado pelo meu cunhado para trabalhar de tratorista e quando nos vimos foi amor à primeira vista. Porém, minha irmã não nos deixou namorar porque eu era muito nova. Depois ele mudou de cidade e não nos vimos mais”, conta emocionada.
Segundo Bonifácio, ele tentou encontrar Adail por anos, mas não conseguiu encontrá-la.
“Eu fiquei pouco tempo no Paraná e quando voltei não a encontrei mais. Durante 15 anos eu procurei por ela, fui para São Paulo, Rio de Janeiro, mas nada. Pensei que nunca mais iria vê-la novamente”, diz.
(Foto: Lucas Cerejo/TV TEM)
Adail conta que durante esses anos se casou, teve três filhos. Porém, com a morte do marido, ela acabou indo morar com a irmã. Depois, foi levada para o lar de idosos em Itapetininga, onde mora há 10 anos.
Já Bonifácio se casou e teve um filho. Também viúvo, ele foi levado para o lar por um sobrinho e mora no local há dois anos.
Até que um dia, no ano passado, ele a viu sentada em um banco do lar e os dois relembraram do amor vivido no passado e começaram a namorar.
“Eu a vi sentada em um banco aqui do asilo e não acreditei. Não sabia que ela morava aqui também. Foi minha maior alegria”, conta o noivo.
(Foto: Francine Galdino/G1)
De acordo com a auxiliar administrativa Eliete Aparecida Pereira Ribeiro, que trabalha no lar de idosos, após seis meses de namoro o casal contou que queria oficializar a união. Então, os funcionários começaram os preparativos para a cerimônia.
“Pensamos em fazer algo simples para fazer o gosto do casal. Mas quando contamos a história deles para alguns amigos que sempre realizam eventos aqui no asilo, eles se mobilizaram a ajudar e transformaram daquela pequena cerimônia um casamento dos sonhos”, explica.
(Foto: Francine Galdino/G1)
O cabelereiro Marcelo Mendes foi um dos voluntários. Ele também conseguiu reunir um grupo de amigos e organizou a a cerimônia completa com direito até de um carro conversível para levar a noiva até a porta da capela do asilo.
“Ficamos sabendo por acaso desse casamento. Perguntaram se eu poderia ajudar na decoração e, então, na hora mandei mensagem para um grupo de amigos solidários e todos se mobilizaram. Conseguimos o vestido, decoração", diz.
"Foi gratificante ver a felicidade deles, principalmente depois de tudo o que passaram. Graças a Deus deu tudo certo e foi uma missão cumprida”, finaliza.
A cerimônia teve a presença de funcionários do lar e voluntários. Para o casal, foi inesquecível. "Especial demais. Estamos muito felizes", dizem.
(Foto: Francine Galdino/G1)
(Foto: Lucas Cerejo/TV TEM)
*Colaborou com a supervisão de Paola Patriarca
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