Ilustração: Terço das Santas Chagas de Jesus.
Dizem que a Rua Edwiges Monteiro, em São Miguel Arcanjo, é meio sinistra, porque suicídios e tentativas de suicídios já aconteceram algumas vezes.
Moradores nela residentes juram de pés juntos que durante as horas mortas da madrugada ouvem os passos de uma mulher solitária que por ela desce apressadamente; o barulho do sapato de salto alto é o único som que permanece. Para esta mulher - que só pode ser uma mulher - os cachorros da rua não latem.
Não é interessante?
O primeiro nome dado a esta rua foi o de Henrique Maximiano Coelho Neto, grande romancista, crítico e teatrólogo brasileiro; em definitivo, o nome Edwiges Monteiro foi emprestado de um dentista, um homem muito bom e um político bastante democrático que chegou a ser prefeito da cidade ao tempo das nomeações.
O povo sempre espera que coisas ruins não aconteçam mais, pois existem alguns templos evangélicos ao longo da rua e logo, logo, mais um deles será inaugurado na altura do número 400.
Pois então...
Foi na altura desse número 400 que aconteceu um fato intrigante na noite do último 18 de dezembro, cujo relato só está sendo feito por este blogue devido à idoneidade de todas as pessoas que estiveram envolvidas no episódio.
Lembram do dia mais quente que a cidade enfrentou?
Foi nesse dia.
Mais de 35 graus!
Numa roda de amigos teve gente que até ficou imaginando como é que ainda permanecem vivos os trabalhadores nos eucaliptais de São Miguel Arcanjo e região. Os coitados trabalham enfiados em calças grossas, blusões, bonezão na cabeça com esse baita calorão...
Foi nesse dia.
Mais de 35 graus!
Numa roda de amigos teve gente que até ficou imaginando como é que ainda permanecem vivos os trabalhadores nos eucaliptais de São Miguel Arcanjo e região. Os coitados trabalham enfiados em calças grossas, blusões, bonezão na cabeça com esse baita calorão...
Mas como Deus é bom, uma chuva abençoada caiu sobre a cidade nessa noite e a alma das pessoas se alegrou, agradecida.
Algumas pessoas foram para a rua benzer-se com a chuva. Se ela não tivesse caído, na certa não haveria como dormir mais tarde.
Voltando a falar da Rua Edwiges Monteiro, o que sempre acontece é que, dependendo da noite, ela vira um inferno; a cachorrada late tanto que parece até que viu o coisa-ruim, o capeta pegando fogo ou alguma alma penada correndo atrás daquilo que gostava de fazer por aqui antes de desencarnar.
Nesse fuzuê endemoniado da noite do famigerado 18 de dezembro foi que uma moradora achando que o barulho dos cachorros passava dos limites, e meio curiosa, resolveu olhar pelo portão de casa para verificar pelo qual motivo, razão ou circunstância a cachorrada latia tanto e tão desesperada nesse momento.
O que viu?
Uma belezinha de cachorro tipo poodle, branquinho, lindinho, ganindo na calçada, como se estivesse perdido.
Mais que depressa, foi lá para dentro e chamou o filho que devido ao calor ainda não dormira e navegava pela Internet:
- Filho, venha aqui e me ajude. Tem um cachorrinho, coisinha mais linda, que deve estar perdido. Vamos pegá-lo e trazer para dentro. Quando o dono aparecer, a gente devolve. Venha me ajudar!
Ainda chovia, mas a chuva não fazia mal nem para uma mosca, pois o calor continuava intenso uma barbaridade.
O filho saiu no quintal, abriu o portão, olhou, mas não havia mais nenhum cachorro; então, voltou para dentro de casa e continuou navegando na Internet.
A mãe resolveu ficar no muro, que é meio alto, olhando para cima na esperança de ver o cachorrinho por ali de novo, pois há um cruzamento de ruas e quem sabe ele voltaria...
Mas nada do cachorrinho reaparecer.
Cansada de olhar para cima e esperar, a mulher então decidiu voltar para dentro de casa, mas antes virou a cabeça para olhar para o lado de baixo da Rua Edwiges Monteiro e o que viu a deixou estupefata, paralisada, meio que petrificada: uma senhorinha vinha ali pelo meio da rua, caminhando quietinha, de cabeça baixa, cabelos desgrenhados cobrindo o rosto, os braços jogados pelo corpo, meio sonâmbula, meio que parecendo alma penada, mumificada...
Vestida de branco, mas as pernas - cadê as pernas dela? Parecia que as pernas estavam cheias de ataduras, credo!, e por isso não dava para ver se ela estava descalça ou se usava algum tipo de calçado.
Parecia até que ela nem tinha pernas...
E aquela visão veio andando, cabeça sempre baixa, passou pela mulher que sondava em cima do muro e virou a esquina da Rua Bento França, sentido Fórum.
Saindo do transe, a mulher do muro percebeu que sentia uma dor muito grande no peito e na alma, como se aquela senhorinha tivesse jogado para ela todo o seu sofrimento e para o qual precisasse urgentemente de lenimento.
Correu então para dentro de casa e chamou o filho desta vez para que ele fosse ver para onde fora a tal mulher, já que dobrara à direita, pela Rua Bento França.
O menino saiu e caminhou para lá; juntou-se ao tio dele que também vira a aparição lá do outro lado da calçada e mais que depressa foram atrás, mas a mulher num segundo já estava lá na calçada do popular "Cacique", cruzamento da Bento França com a Rua Sadamita Iwassaki.
O menino contou para a mãe que ficara horrorizado ao ver o movimento que a mulher fizera para sentar-se na calçada, envergando o corpo com dificuldade, como se as ataduras não permitissem, olhando para lá e para cá, devagar, como que desconfiada, e também para a frente onde permaneciam o menino e o tio.
De repente, ela levantou-se e começou a andar de volta pela mesma rua, bem de encontro com eles que continuaram a observá-la da curva da esquina com a rua Edwiges.
Viram quando a mulher chegou diante de uma residência e tocou a campainha; pareceu que trocara algumas palavras com alguém, mas foi embora, de volta para a esquina onde estivera anteriormente.
Retornando: a primeira pessoa que viu essa mulher, disse que primeiramente essa mulher estava descendo pela Rua Edwiges Monteiro, até que sumiu de suas vistas.
Foi ela quem ligou para a polícia, pois pensava tratar-se de alguém que fugira de alguma Residência Terapêutica- nas imediações existem três delas. Até a ambulância foi chamada naquela noite.
Quando os policiais chegaram, encontraram a mulher do muro e a vizinha dela pela rua, elas que já haviam batido à porta das referidas Residências Terapêuticas para saber se não havia fugido ninguém, o que jamais aconteceu ali, como afirmaram os cuidadores.
Os policiais então pararam para conversar com elas:
- Já olhamos tudo por aqui e não vimos ninguém.
Quiseram saber de mais detalhes sobre a senhorinha e elas falaram. Foi quando as mulheres notaram que um dos policiais ficou bastante sobressaltado:
- Mas do jeito que vocês estão falando, essa mulher está lembrando a dona Teodolinda; ela esteve internada no NIPO, com Aids e o corpo dela se encheu de feridas. Cada ferida que estourava, era medicada e as enfermeiras colocavam ataduras por cima, a fim de assegurar que o medicamento agisse. Às vezes, ela fugia do NIPO e a gente era chamado para correr pela cidade no encalço dela. Era desse jeitinho mesmo.
Enquanto conversavam ali, um senhor se achegou ao grupo; ao inteirar-se do acontecido, ele também interligou sua experiência:
- Sou motorista e sempre chego em casa de madrugadinha. E tenho certeza de que já vi essa mesma mulher, do jeitinho que vocês falaram, bem umas três vezes. Se ela não está sentadinha na calçada da esquina do Braz, ela está sentada na Praça da Rua Campos Sales.
O policial olhou meio de canto para o motorista e para as mulheres e disse:
- Só que a dona Teodolinda que a gente conheceu já morreu faz muitos dias...
A noite continuou sua missão.
A madrugada veio quente e o dia amanheceu com sol.
As duas mulheres foram até a casa onde a mulher tocara a campainha na noite anterior para saber o que ela queria; a moradora respondeu que ela queria um quarto pra dormir.
Agora, o mais interessante da história ( e cada pessoa que tire suas próprias conclusões): tem um morador na Rua Edwiges Monteiro que possui duas câmeras, cada qual gravando um lado da rua. Pois bem: todas as pessoas que testemunharam a aparição dessa mulher no dia 18 de dezembro são muito conhecidas do referido senhor e todas elas apareceram na gravação.
Ninguém mais...
OBS: Fomos verificar sobre a dona Teodolinda e soubemos que ela faleceu no dia 23 de novembro com a idade de 44 anos, vítima de câncer e de AIDS. Filha de Benedito Ribeiro e Suzana dos Santos, deixou três filhos. Foi sepultada junto ao Cemitério São João Batista, em São Miguel Arcanjo.
Esta, a rua Edwiges Monteiro, descendo.
Aqui, a Rua Edwiges Monteiro subindo: cruzamento com a Bento França; à esquerda o terreno do Tula, até hoje sem muro. Lá adiante, à frente, o cruzamento onde se localiza a Praça Antonio Mariano de Oliveira Fróes.
Aqui, a curva que entra à direita pela Rua Bento França; na esquina, a casa do morador que possui duas câmeras e do outro lado, a esquina que dá com a calçada do Braz.
Aqui, a Rua Bento França que vai se encontrar com a Rua Sadamita Iwassaki.
Aqui, onde existe o interfone que a mulher tocou na madrugada do dia 18.
OBSERVAÇÃO: O que não podemos decifrar, merece sempre uma oração. OREMOS à lembrança de dona Teodolinda.
Algumas pessoas foram para a rua benzer-se com a chuva. Se ela não tivesse caído, na certa não haveria como dormir mais tarde.
Voltando a falar da Rua Edwiges Monteiro, o que sempre acontece é que, dependendo da noite, ela vira um inferno; a cachorrada late tanto que parece até que viu o coisa-ruim, o capeta pegando fogo ou alguma alma penada correndo atrás daquilo que gostava de fazer por aqui antes de desencarnar.
Nesse fuzuê endemoniado da noite do famigerado 18 de dezembro foi que uma moradora achando que o barulho dos cachorros passava dos limites, e meio curiosa, resolveu olhar pelo portão de casa para verificar pelo qual motivo, razão ou circunstância a cachorrada latia tanto e tão desesperada nesse momento.
O que viu?
Uma belezinha de cachorro tipo poodle, branquinho, lindinho, ganindo na calçada, como se estivesse perdido.
Mais que depressa, foi lá para dentro e chamou o filho que devido ao calor ainda não dormira e navegava pela Internet:
- Filho, venha aqui e me ajude. Tem um cachorrinho, coisinha mais linda, que deve estar perdido. Vamos pegá-lo e trazer para dentro. Quando o dono aparecer, a gente devolve. Venha me ajudar!
Ainda chovia, mas a chuva não fazia mal nem para uma mosca, pois o calor continuava intenso uma barbaridade.
O filho saiu no quintal, abriu o portão, olhou, mas não havia mais nenhum cachorro; então, voltou para dentro de casa e continuou navegando na Internet.
A mãe resolveu ficar no muro, que é meio alto, olhando para cima na esperança de ver o cachorrinho por ali de novo, pois há um cruzamento de ruas e quem sabe ele voltaria...
Mas nada do cachorrinho reaparecer.
Cansada de olhar para cima e esperar, a mulher então decidiu voltar para dentro de casa, mas antes virou a cabeça para olhar para o lado de baixo da Rua Edwiges Monteiro e o que viu a deixou estupefata, paralisada, meio que petrificada: uma senhorinha vinha ali pelo meio da rua, caminhando quietinha, de cabeça baixa, cabelos desgrenhados cobrindo o rosto, os braços jogados pelo corpo, meio sonâmbula, meio que parecendo alma penada, mumificada...
Vestida de branco, mas as pernas - cadê as pernas dela? Parecia que as pernas estavam cheias de ataduras, credo!, e por isso não dava para ver se ela estava descalça ou se usava algum tipo de calçado.
Parecia até que ela nem tinha pernas...
E aquela visão veio andando, cabeça sempre baixa, passou pela mulher que sondava em cima do muro e virou a esquina da Rua Bento França, sentido Fórum.
Saindo do transe, a mulher do muro percebeu que sentia uma dor muito grande no peito e na alma, como se aquela senhorinha tivesse jogado para ela todo o seu sofrimento e para o qual precisasse urgentemente de lenimento.
Correu então para dentro de casa e chamou o filho desta vez para que ele fosse ver para onde fora a tal mulher, já que dobrara à direita, pela Rua Bento França.
O menino saiu e caminhou para lá; juntou-se ao tio dele que também vira a aparição lá do outro lado da calçada e mais que depressa foram atrás, mas a mulher num segundo já estava lá na calçada do popular "Cacique", cruzamento da Bento França com a Rua Sadamita Iwassaki.
O menino contou para a mãe que ficara horrorizado ao ver o movimento que a mulher fizera para sentar-se na calçada, envergando o corpo com dificuldade, como se as ataduras não permitissem, olhando para lá e para cá, devagar, como que desconfiada, e também para a frente onde permaneciam o menino e o tio.
De repente, ela levantou-se e começou a andar de volta pela mesma rua, bem de encontro com eles que continuaram a observá-la da curva da esquina com a rua Edwiges.
Viram quando a mulher chegou diante de uma residência e tocou a campainha; pareceu que trocara algumas palavras com alguém, mas foi embora, de volta para a esquina onde estivera anteriormente.
Retornando: a primeira pessoa que viu essa mulher, disse que primeiramente essa mulher estava descendo pela Rua Edwiges Monteiro, até que sumiu de suas vistas.
Foi ela quem ligou para a polícia, pois pensava tratar-se de alguém que fugira de alguma Residência Terapêutica- nas imediações existem três delas. Até a ambulância foi chamada naquela noite.
Quando os policiais chegaram, encontraram a mulher do muro e a vizinha dela pela rua, elas que já haviam batido à porta das referidas Residências Terapêuticas para saber se não havia fugido ninguém, o que jamais aconteceu ali, como afirmaram os cuidadores.
Os policiais então pararam para conversar com elas:
- Já olhamos tudo por aqui e não vimos ninguém.
Quiseram saber de mais detalhes sobre a senhorinha e elas falaram. Foi quando as mulheres notaram que um dos policiais ficou bastante sobressaltado:
- Mas do jeito que vocês estão falando, essa mulher está lembrando a dona Teodolinda; ela esteve internada no NIPO, com Aids e o corpo dela se encheu de feridas. Cada ferida que estourava, era medicada e as enfermeiras colocavam ataduras por cima, a fim de assegurar que o medicamento agisse. Às vezes, ela fugia do NIPO e a gente era chamado para correr pela cidade no encalço dela. Era desse jeitinho mesmo.
Enquanto conversavam ali, um senhor se achegou ao grupo; ao inteirar-se do acontecido, ele também interligou sua experiência:
- Sou motorista e sempre chego em casa de madrugadinha. E tenho certeza de que já vi essa mesma mulher, do jeitinho que vocês falaram, bem umas três vezes. Se ela não está sentadinha na calçada da esquina do Braz, ela está sentada na Praça da Rua Campos Sales.
O policial olhou meio de canto para o motorista e para as mulheres e disse:
- Só que a dona Teodolinda que a gente conheceu já morreu faz muitos dias...
A noite continuou sua missão.
A madrugada veio quente e o dia amanheceu com sol.
As duas mulheres foram até a casa onde a mulher tocara a campainha na noite anterior para saber o que ela queria; a moradora respondeu que ela queria um quarto pra dormir.
Agora, o mais interessante da história ( e cada pessoa que tire suas próprias conclusões): tem um morador na Rua Edwiges Monteiro que possui duas câmeras, cada qual gravando um lado da rua. Pois bem: todas as pessoas que testemunharam a aparição dessa mulher no dia 18 de dezembro são muito conhecidas do referido senhor e todas elas apareceram na gravação.
Ninguém mais...
OBS: Fomos verificar sobre a dona Teodolinda e soubemos que ela faleceu no dia 23 de novembro com a idade de 44 anos, vítima de câncer e de AIDS. Filha de Benedito Ribeiro e Suzana dos Santos, deixou três filhos. Foi sepultada junto ao Cemitério São João Batista, em São Miguel Arcanjo.
As fotografias a seguir fazem parte do pequeno quadrilátero onde ocorreu a aparição.
Esta, a rua Edwiges Monteiro, descendo.
Aqui, a Rua Edwiges Monteiro subindo: cruzamento com a Bento França; à esquerda o terreno do Tula, até hoje sem muro. Lá adiante, à frente, o cruzamento onde se localiza a Praça Antonio Mariano de Oliveira Fróes.
Aqui, a Rua Bento França que vai se encontrar com a Rua Sadamita Iwassaki.
Aqui, onde existe o interfone que a mulher tocou na madrugada do dia 18.
OBSERVAÇÃO: O que não podemos decifrar, merece sempre uma oração. OREMOS à lembrança de dona Teodolinda.
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