terça-feira, 22 de janeiro de 2019

SE FAMÍLIA MAL SE DÁ BEM NO SEU CURRAL, QUE DIRÁ FAZER DE UM PAÍS INTEIRO SEU PRÓPRIO AMBIENTE?

Ingerência de filhos de Bolsonaro em assuntos do governo poderá ter consequências negativas em breve
Por Redação Ucho.Info/
21 de janeiro de 2019


(Presidência da República)

A ida do presidente Jair Bolsonaro a Davos, na Suíça, onde a partir de terça-feira (22) acontece o Fórum Econômico Mundial, corre o risco de servir para nada. Isso porque o discurso do mandatário brasileiro, por sorte, será muito curto, cabendo aos ministros Paulo Guedes e Sérgio Moro, da Economia e da Justiça, respectivamente, a tarefa de convencer os investidores internacionais de que o Brasil é um porto seguro.
Muitos investidores fecharam os respectivos cofres por conta dos discursos nada democráticos de Bolsonaro durante a corrida presidencial, mas em Davos esperam que o presidente desfaça essa má impressão, provando que a democracia, o respeito às leis e ao Estado de Direito e à liberdade são prioridades do novo governo. De igual modo, os investidores querem saber os planos econômicos do governo Bolsonaro, a começar pelo equilíbrio fiscal, que depende principalmente da reforma da Previdência.
Se Guedes e Moro conseguirão dar conta do recado não se sabe, mas uma coisa é certa entre os integrantes da comitiva brasileira: o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, não tem motivo para estar em Davos e desconhece política a ponto de dar palpites que fogem da sua competência.
Ao retornar de um jantar com o pai, o ministro-chefe do Gabinete e Segurança Institucional da Presidência, Augusto Heleno, e o chanceler Ernesto Araújo, o parlamentar disse que Davos não se interessa pela reforma da Previdência, como se o principal fantasma do déficit fiscal brasileiro não tivesse importância alguma. “Isso é para apresentar lá no Brasil. Todo mundo sabe que está nos planos, que estão estudando e tal”, disse Eduardo Bolsonaro.
De acordo com o deputado, o pai, ao discursar no Fórum, dará destaque ao “comércio sem viés ideológico, que implica tanto China quanto EUA, tanto União Europeia quanto Mercosul”.
“Vamos vender a quem tiver dinheiro para comprar nossos produtos. Mas tem um limite: não dá para vender para a Venezuela, que é uma ditadura com problemas sérios”, disse o filho do presidente.
Eduardo Bolsonaro se contradiz, assim como o pai, pois ao afirmar que “não dá para vender para a Venezuela” o governo está defendendo a tese do comércio com viés ideológico.
Aliás, Eduardo Bolsonaro não é integrante do governo, por isso não deveria falar em nome do presidente, muito menos na primeira pessoa do plural. Pelo que se sabe, não há na estrutura da Presidência o cargo de “primeiro-filho”, que, mesmo se existisse, não daria aos descendentes de Jair Bolsonaro o direito de falar em nome do governo.
Além disso, o ministro Paulo Guedes é responsável por questões econômicas do governo. E Eduardo está a usurpar de forma flagrante as atribuições do ministro da Economia.
Se Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, abusa dessa fanfarronice, é um problema dos norte-americanos, não cabendo a Bolsonaro imitá-lo, colocando em prática o famoso “complexo de vira-lata”.
A ingerência dos filhos do presidente nas questões do governo deve ser analisada com a devida atenção, pois não demorará muito e Bolsonaro terá de lidar com as primeiras deserções na equipe ministerial. 
É uma questão de tempo.

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