quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

FERNANDO BEZERRA COELHO, EX-LÍDER DO TEMER NO SENADO E EX-MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL DE DILMA ROUSSEFF. POLÍTICO PROFISSIONAL VIROU LÍDER DO "CAPITÃO".

Por: Reinaldo Azevedo. 
Publicada: 20/02/2019 - 5:58



Fernando Bezerra: ex-ministro de Dilma e ex-líder de Temer, ele vai ser líder do governo no Senado. 
Só não pode esquecer de pedir autorização para a pensadora Damares Alves e para Olavo de Carvalho para usar essa gravata, meio rosada, com laivos de marxismo cultural pelo que tem de vermelho. 
Sei não…
Haverá reforma da Previdência.
A questão é saber qual.
O presidente Jair Bolsonaro entrega hoje a sua proposta ao Congresso. A sabedoria convencional indica que a proposta deveria ter sido ao menos debatida com lideranças da base de apoio. Bolsonaro, no entanto, como revelou o episódio Gustavo Bebianno, não é convencional. E se considera um sábio do tipo grande demais até para a Academia de Platão. Assim, aqueles que integram o bolsonarismo — seja lá o que isso signifique — sabem do texto o que todos sabem: quase nada. 
A proposta chega ao Legislativo no dia seguinte a uma derrota sofrida na Câmara que é relevante, por paradoxal que pareça, justamente por sua irrelevância. 
Bolsonaro vai ter de fazer uma escolha.
Nesta terça, a Casa votou em favor da derrubada do decreto presidencial — sim, assinado por Hamilton Mourão no exercício da Presidência, mas não de sua lavra — que aumentava brutalmente o número de funcionários do primeiro escalão que podiam impor sigilo a documentos oficiais. Reitere-se: Mourão não tirou aquela estrovenga autoritária da sua cabeça. 
Era decisão de governo, com a chancela da Casa Civil e, pois, do presidente Jair Bolsonaro.
O Projeto de Decreto Legislativo para derrubar o decreto presidencial é de autoria do deputado Eliel Machado (PSB-PR). 
Foi incluído de manhã na pauta por sugestão do líder do PP, Arthur Lira (AL). 
O major Vitor Hugo (PSL-GO), líder do governo na Casa, ainda tentou resistir. Não deu certo. 
O PSL foi o único partido a encaminhar contra o regime de urgência para o texto, que o remete diretamente para plenário, sem passar por comissões. 
Foi derrotado por 367 votos a 57. Nessa votação, diga-se, para não acusar o golpe, Vitor Hugo preferiu liberar seus, vamos dizer, aliados. 
Pelo resultado, a gente vê que liberados eles já se sentiam.
Um dado curioso: dos 57 votos, 50, com efeito, eram do PSL, mas dois deputados da sigla prefeririam votar contra o governo: Luciano Bivar (PE) e Coronel Tadeu (SP). 
Bivar é nada menos do que o presidente do partido e havia estado com presidente poucas horas antes. 
Mais tarde, ele disse ter-se enganado. A aprovação do PDL se deu em votação simbólica. 
Por esse modelo, o presidente da Casa convida os que concordam com a proposição a permanecer sentados. Os derrotados podem pedir verificação de votação. Os governistas prefiram deixar pra lá. Agora o texto segue para o Senado. 
Só para lembrar: para derrubar um decreto presidencial, é necessário ter maioria absoluta: metade mais um do total de parlamentares — na Câmara, 257. A votação do regime de urgência deixou claro que seria bobagem insistir: havia 110 votos a mais do que o mínimo necessário.
Quem reagiu com bom humor e alguma ironia ao resultado foi Hamilton Mourão. Afirmou:
“Perdi. Perdeu, playboy. O pessoal do Congresso não gosta de mim. Se fosse o presidente, ia passar”. 
Emendou em seguida: “Falei de brincadeira. Derrubaram porque, sei lá, queriam mostrar a posição deles. Isso é uma democracia.”
É claro que a Câmara mandava um recado a Bolsonaro. 
Ou ele põe fim ao amadorismo constrangedor com que pretende exercer o cargo de presidente da República, ou as coisas vão se complicar para ele e para o país. 
Não! 
Gustavo Bebianno não era o herói secreto de ninguém. Tampouco se considera bonito o laranjal do PSL, pelo qual ele diz não ser o responsável. 
Pouco importa. 
O ponto é outro: o que vaza das conversas que o presidente manteve com o seu então ministro é um misto de primitivismo político com prepotência. 
Cada parlamentar que vai dar a cara ao tapa na defesa da reforma da Previdência, por exemplo, sentiu-se na pele de Bebianno, tendo como vigia Carlos Bolsonaro e suas idiossincrasias.
O presidente pode estar acordando para a realidade. 
Decidiu indicar Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) como líder do governo no Senado. 
É um profissional da política. 
Já exerceu essa função em 2018, no governo Temer. 
Antes, ora vejam, foi ministro da Integração Nacional de Dilma Rousseff.
A Câmara acendeu o sinal vermelho: Bolsonaro vai ter de escolher se governa o país ou brinca de Forte Apache com Carluxo e Leo Índio. 
Vai ser o quê?

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