domingo, 5 de maio de 2019

NÃO PERCO MEU TEMPO COM A VENEZUELA. E VOCÊ?


Após tanto tempo de desgaste, protestos, agressões, tumultos e agitações, que já mataram muitos venezuelanos, objetivando a destituição do tirano local, Nicolás Maduro, sucessor do outro tirano, Hugo Chávez, ficou mais que evidenciado durante todo esse tempo que as perspectivas de sucesso dessas mobilizações internas e internacionais, pelos métodos “tradicionais”, empregados desde o começo até agora, tendem à frustração total.
O povo venezuelano, apesar de “motivado”, porém totalmente desarmado e despreparado para essa “guerra” interna, jamais conseguiria enfrentar em igualdade de condições as forças militares e policiais de Maduro, excepcionalmente bem alimentadas e treinadas, no meio de um povo que passa fome, bem como armadas até aos “dentes”, submetidas ao ditador.
As pressões “diplomáticas” dos países que apoiam a derrubada de Maduro, incluindo o Brasil e, por conseguinte, a reinstalação da democracia na Venezuela, já se mostraram totalmente infrutíferas. 
Por isso o resultado dos esforços e pressões diplomáticas nesse desiderato somam igual a “zero”.
Nicolás Maduro não cede um só centímetro, incentivado provavelmente pelas “costas quentes” que têm com a Rússia e a China, os quais, mesmo no período do meu enganoso socialismo “de juventude”, jamais eu poderia imaginar que pudessem ser tão “FDP” como efetivamente são, de modo a se omitirem e até apoiarem as atrocidades a que o tirano local submete o seu povo. Mas certamente essas duas potências mundiais colocam os interesses ideológicos e comerciais que têm com a Venezuela bem acima das justas reivindicações do povo venezuelano.
Restaria a alternativa de uma eventual intervenção militar nesse país, pelo grupo de nações que sentiu as “dores” pelo sofrido povo venezuelano, encabeçados pelos Estados Unidos. Mas essa eventual “intervenção” teria os mesmos efeitos de uma declaração de guerra, mesmo que informal, o que poderia esbarrar em demoradas e complicadas demandas e articulações políticas e jurídicas internas em cada país envolvido. O certo é que não poderia ser “para já”. E a caótica situação venezuelana exige um “já”. O seu povo está sendo “trucidado” pela violência da ditadura local, e necessita de permanente ajuda humanitária, inclusive remédios e comida, sob o olhar indiferente dos seus “parceiros” russos e chineses.
Resumidamente falando, a situação do vizinho pais é muito complicada para ser atacada pelos métodos “convencionais”, até agora empregados e imaginados.
Na verdade, não se deve atribuir valor de verdade absoluta ao lema segundo o qual “os fins justificam os meios”. Isso geralmente não é verdade, reforçando os abusos e arbitrariedades. Mas excepcionalmente procedimentos que se enquadrem nessa categoria podem ser cogitados com legitimidade, recebendo suporte moral e ético. Nenhuma “convenção” humana, ou mesmo lei, pode se sobrepor aos interesses maiores da humanidade, ou mesmo de qualquer povo. É mais ou menos, e só para exemplificar, o sentido da regra que está escrita na Constituição Brasileira: “todo o poder emana do povo...” (CF, art.1º, parágrafo único).
Por tudo que se observa portanto, o povo venezuelano não poderá contar com as alternativas da sua libertação cogitadas e “trabalhadas” até agora, nem com a “sorte” de se livrar do seu tirano mediante causas “naturais”, como o seu “passamento”, por causas naturais ou acidentais. Seria necessário muita “sorte” desse povo para que isso acontecesse. 
E a vida, mais ainda de um povo inteiro, não pode depender só de sorte. A sorte tem que ser “buscada”.
Tudo leva a crer, portanto, que algum herói anônimo e voluntário, tipo “atirador de elite”, ”franco-atirador”, ou “sniper”, daria conta perfeitamente desse “recado”, sem maiores envolvimentos diplomáticos ou políticos, desperdícios econômicos, perda de mais vidas humanas, ou de risco de guerra regional ou generalizada, envolvendo as Grandes Potências, sem contar o “baque” que seria para a economia do Brasil, já em situação de agonia, por “herança” política, na sua condição de pais fronteiriço com a Venezuela, que de uma ou outra forma, direta ou indiretamente, também estaria envolvido nesse possível conflito bélico.
Seria uma saída bastante simples. E prática, para um problema tão complexo. E até parece que não haveria grande dificuldade desse povo ser “sorteado” com algum bom atirador, herói “sniper”, militar ou civil, preferentemente de outras terras, por razões óbvias, formalmente sem subordinação a qualquer país, capaz de assumir, mesmo que na clandestinidade, essa “empreitada” de salvar o povo venezuelano do seu algoz.
Esse nosso possível “candidato” a herói teria que ter uma estrutura moral capaz rechaçar de início qualquer motivação relacionada a “mercenarismo”, ou seja, fazer do seu objetivo, do “abate” de Maduro, um negócio com interesse financeiro, porque se assim fosse esse objetivo de eliminação “humanitária” perderia totalmente qualquer legitimidade.
Mas os “métodos” mercenários e a desvinculação de complicados regulamentos ou hierarquias “oficiais”, não poderiam ser descartados, na possível ação desse “lobo solitário”. 
Seria uma vida “nociva” sacrificada, mas o seria pelo bem maior de um povo inteiro. Um “fim” justo que daria legitimidade ao “meio” empregado, em resumo.
Não ousamos ir tão longe. Mas talvez a ação desse imaginário “libertador” do povo venezuelano pudesse buscar a sua legitimidade a partir da “doutrina metafísica” do UTILITARISMO PRAGMATISTA, pela qual “uma ideia corresponde ao conjunto dos seus desdobramentos práticos”.
Portanto essa “doutrina metafísica” de certo modo poderia dar algum amparo filosófico à frase “os fins justificam os meios”, erradamente atribuída ao filósofo Nicolau Maquiavel, na sua imortal obra “O Príncipe”.
E bem longe da pretensão de fazer um estudo mais profundo sobre a “ética da morte”, na verdade as regras morais e éticas incidentes sobre o direito de matar mudam radicalmente durante as guerras. E a Venezuela de fato está em estado de guerra, apesar de não ter preenchido ainda os requisitos formais exigidos pelo direito internacional para que se configure esse tipo de situação.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

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