terça-feira, 21 de maio de 2019

PONDERAÇÕES DE CARLOS BRICKMANN


Cartas na mão
Bolsonaro herdou o país com inflação reduzida, os juros mais baixos que o Banco Central já pagou, encaminhou a reforma da Previdência e a lei de combate ao crime organizado. Graças ao agronegócio tem superávit comercial. Mas, com a barafunda política (e as investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro, o filho 01), a economia está parada: cresceu o número de desempregados (hoje maior que no período Dilma), o crescimento do PIB é reavaliado periodicamente para baixo, o dólar bate recordes de alta. Há uma boa notícia: Olavo de Carvalho disse que não vai mais dar palpites. Com isso, o tiroteio deve ficar menos intenso. Se Bolsonaro puder livrar-se de todos os que tentam tutelá-lo, pode errar, mas serão erros só seus, sem ajuda.

E os planos?
Há uma questão séria, que ainda não foi mencionada: Bolsonaro falou sobre Cristina Kirchner, criticou Maduro, mencionou Israel como país que, com diminutos recursos naturais, conseguiu se desenvolver, chamou os que se manifestaram contra o contingenciamento de verbas para Educação de “massa de manobra” e “idiotas úteis”, brigou com uma repórter da Folha de S.Paulo (e espalhou o vídeo da briga pela Internet), pediu que o ataquem, em vez de atacar seu filho Flávio, disse que as brigas entre as diversas alas bolsonaristas são “página virada”, mas não falou nada a respeito de planos para a criação de empregos (nem quais suas ideias para a Educação e a Saúde, áreas em que, por mais que prospere a agenda liberal do ministro Paulo Guedes, a ação do Estado é fundamental).
O bolsonarismo pode por algum tempo discutir a opção pela bomba atômica de Eduardo, o filho 03, ou a balbúrdia que o ministro Weintraub aponta em universidades federais. Mas, se não houver emprego, não há discussão que resista. Chegará a hora em que emprego e salário serão os temas predominantes, por mais ideologizada que se tenha tornado luta política.
Sem pão, todos brigam, ninguém tem razão.

 
OBS: Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação.

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