sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

QUEM DEVE PEDIR DEMISSÃO NÃO O FAZ...


Secretário de Educação Superior do MEC pede demissão do cargo.





Secretário de Educação Superior do MEC, Arnaldo Barbosa, ao lado do ministro da Educação, Abraham Weintraub em coletiva de imprensa na sexta-feira (29) — Foto: Reprodução/Facebook/MEC

Arnaldo Barbosa de Lima Junior é servidor do Ministério da Economia; substituto não foi anunciado. Secretaria lida com orçamento de federais, regulação de faculdades privadas e projetos como o Future-se.
Por Mateus Rodrigues e Alexandro Martello, G1 — Brasília
O secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Arnaldo Barbosa de Lima Junior, pediu demissão do cargo nesta quinta-feira (30). A informação foi divulgada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e confirmada pelo G1 pela assessoria do ministério.
Lima é servidor de carreira do Ministério do Planejamento – atual Ministério da Economia – e deve voltar à função que ocupava. Economista de formação, ele foi nomeado por Abraham Weintraub para coordenar uma das maiores subpastas do ministério.
Até a publicação desta reportagem, o Ministério da Educação ainda não tinha anunciado um substituto para o cargo. Segundo o organograma disponível no site do MEC, não há um secretário-adjunto nomeado na área de educação superior.
Em uma carta, enviada a colegas de ministério e da área econômica do governo, Arnaldo Barbosa de Lima Junior diz que pediu para sair do cargo por "motivos pessoais" e para "abraçar um novo propósito profissional" (leia íntegra abaixo).
Até as 23h40 desta quinta, a exoneração não tinha sido publicada no "Diário Oficial da União". 
Em nota, o MEC confirmou o desligamento do secretário e enumerou projetos encampados por ele na pasta.

"O MEC agradece o trabalho de Arnaldo Lima, o qual engrandeceu a gestão da educação brasileira, e deseja sucesso em seus projetos pessoais", diz o comunicado.

Future-se
Nos nove meses à frente da secretaria, o principal projeto de Arnaldo Barbosa era o rascunho do "Future-se", anunciado como um grande plano de reestruturação do financiamento do ensino superior público.
O projeto foi anunciado em julho, passou por duas consultas públicas na internet mas, seis meses depois, o texto ainda não foi enviado ao Congresso Nacional – onde precisa ser aprovado para entrar em vigor.
Pelas linhas gerais anunciadas, a adesão será voluntária, mas a universidade que quiser participar terá de aderir ao "pacote completo". Esse pacote inclui critérios definidos pelo MEC para avaliação da gestão, execução do orçamento e incorporação de parcerias, entre outros temas.
No Future-se, a gestão da universidade passaria a ser feita com o "apoio" de organizações sociais. Em troca, as reitorias passariam a acessar novas fontes de recursos, como fundos de investimento com dinheiro público e privado, cessão dos "naming rights" de edifícios e campi para empresas privadas e programas de inovação e registro comercial de patentes.

O que faz a pasta?
A Secretaria de Educação Superior é responsável por coordenar todas as políticas públicas ligadas ao ensino nas universidades públicas e privadas. 
Embora as instituições públicas tenham autonomia didática, financeira e administrativa, cabe ao ministério regular temas como:
acesso e permanência dos alunos nos cursos superiores;
formação e carreira dos professores universitários;
programas de residência em saúde, pesquisa, extensão e outras áreas complementares ao ensino superior regular;
políticas de internacionalização, intercâmbio e parcerias internacionais;
financiamento público e privado do ensino superior;
regulação e avaliação das modalidades de ensino superior à distância.

Leia a íntegra da carta divulgada pelo secretário:

"Por motivos pessoais, desligo-me da Secretaria de Educação Superior (SESU) para abraçar um novo propósito profissional. Quando assumi a Secretaria, estava ciente da responsabilidade que resultaria desse ato, mas nunca deixei de ousar e nunca fiz nada sozinho. A SESU ajudou a criar a ID Estudantil, o Diploma Digital, o Novo Revalida e aperfeiçoar o FIES. Conseguimos alocar R$ 230 milhões para investimentos em placas fotovoltaicas e para conclusão de obras que estavam paradas ou em andamento nas universidades federais. Conseguimos 100% dos recursos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA), implementamos cinco novas universidades federais e desenvolvemos o Future-se. Esse programa é o que há de mais inovador na educação brasileira. O envio do Projeto de Lei para o Congresso Nacional encerrará minha missão no glorioso Ministério da Educação.
Nesses nove meses, muitos foram os desafios, mas pude contar com o apoio do Ministro Abraham Weintraub, do secretário executivo, Antonio Paulo Vogel de Medeiros, dos demais secretários e colaboradores do MEC e, especialmente, da Família SESU. 
Deixo as portas abertas, o que me traz grande alegria, e me despeço com a certeza do dever cumprido, sabendo que bons frutos serão colhidos das sementes que ajudei a plantar."

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