Temendo pelo pior, Bolsonaro age nos bastidores e Anvisa e autoriza às pressas importação de Coronavac.
Por Redação Ucho.Info/23 de outubro de 2020.
Na edição de quinta-feira (22), o UCHO.INFO afirmou que a estúpida declaração do presidente Jair Bolsonaro de que o governo não compraria vacina chinesa contra a Covid-19, mesmo que aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), acabaria interferindo no desempenho de candidatos que participarão das eleições municipais vindouras e contam com seu apoio político.
Para muitos, nossa análise pode ter parecido estapafúrdia, mas os resultados de pesquisa do instituto Datafolha sobre a disputa pela Prefeitura de São Paulo, maior cidade brasileira, mostrou que não estávamos errados.
O candidato Celso Russomanno (Republicanos), que conta com o apoio explícito de Bolsonaro, derreteu nas pesquisas e perdeu a liderança na corrida ao trono paulistano.
Além de a maioria da população da capital paulista rejeitar Bolsonaro, a decisão de politizar a questão da vacina contra o novo coronavírus foi um ingrediente extra para que Russomanno despencasse nas pesquisas.
Aliás, em recente conversa com respeitado integrante do PSDB, o editor do UCHO.INFO afirmou que em caso de segundo turno a Prefeitura de São Paulo seria disputada por Bruno Covas, atual prefeito, e por algum candidato da esquerda, que errou enormemente ao lançar cinco candidatos.
Reflexo imediato do efeito colateral nas campanhas municipais, Bolsonaro agiu rapidamente nos bastidores e, como se mágica fosse, a Anisa anunciou que autorizou o Instituto Butantan, de São Paulo, a importar 6 milhões de doses da Coronavac, imunizante desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac.
O pedido emergencial formulado pelo Butantan seria analisado pela Anvisa somente na primeira quinzena de novembro, o que atrasaria a produção de vacinas, mas acabou autorizado nesta sexta-feira (23), após a pressão exercida pelo instituto e a repercussão negativa da decisão de Bolsonaro.
Na última quarta-feira (21), menos de 12 horas após anunciar que o Ministério da Saúde compraria 46 milhões de doses da Coronavac, o ministro Eduardo Pazuello foi desautorizado pelo presidente da República, que ordenou a imediata suspensão do protocolo de intenções entre a pasta e o Instituto Butantan.
Além do estrago que a decisão irresponsável de Jair Bolsonaro provocou em diversas campanhas eleitorais Brasil afora, deixar de disponibilizar à população uma vacina que, com a eficácia devidamente comprovada pelas autoridades, pode salvar vidas, o presidente estaria incorrendo em crime de responsabilidade, o que ensejaria a abertura de processo de impeachment.
Os destinos da nação e o futuro de cada brasileiro não podem ser reféns de um presidente, despreparado e inconsequente, que necessita de uma “babá jurídica” para não correr o risco de a qualquer momento ser apeado do cargo por conta de suas conhecidas estultices.
Já passou da hora de a parcela de bem da sociedade dar um basta.
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