sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

SATÉLITE NÃO SERVE.

Inpe alertou governo Bolsonaro que satélite comprado não serve para Amazônia.
Avaliação consta em ofício protocolado no ministério de Ciência e Tecnologia; Aeronáutica fez aquisição sem licitação de aparelho para monitorar desmatamento
Por Fabíola Salani 1 jan 2021.

Sobrevoo durante operação de fiscalização contra o desmatamento em Novo Progresso, Pará (Foto: Vinícius Mendonça/Ibama)
O satélite-radar que a Aeronáutica comprou no penúltimo dia de 2020 em contrato sigiloso, sem licitação e por R$ 175 milhões para monitorar o desmatamento na Amazônia não é “apropriado” para o serviço. A avaliação foi feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ela consta de documento protocolado em setembro pelo instituto e dirigido ao MCTIC (Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações).
O documento foi obtido pelo colunista Rubens Valente, do UOL, e revelado em reportagem publicada nesta sexta-feira (1º). A coluna revelou que a Aeronáutica assinou contrato, na última quarta-feira (30), com a empresa finlandesa Iceye pelo qual adquiriu um satélite-radar por US$ 33,8 milhões, o que dava R$ 175 milhões pelo câmbio daquele dia.
De acordo com o jornalista, no documento o Inpe avalia que que o satélite-radar da banda X – nos mesmos moldes de um que o Ministério da Defesa estudava adquirir na época – “não é apropriado para o monitoramento do desmatamento na Amazônia”.
A Aeronáutica se recusou a informar ao jornalista qual era a banda em que o satélite-radar adquirido agora iria operar, alegando que o contrato é “sigiloso”. No entanto, ele relata que, em uma resposta dada ao Portal UOL em outubro de 2020, a Força Armada havia dito que estudava comprar um aparelho da banda X. Valente explica que saber qual é essa banda faz toda a diferença para saber a capacidade de um equipamento do tipo. A banda L é considerada a mais sofisticada e cara. A banda X, a mais simples e barata.

Inpe já faz serviço
Outro fator a ser levado em conta é que o instituto já realiza esse monitoramento.
Esse fato foi destacado em agosto pelo deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), ao fazer um pedido de informações ao governo Bolsonaro sobre a necessidade de comprar o equipamento.
Ele fez o pedido depois que notícias foram publicadas dando conta de um empenho de R$ 145 milhões que, na ocasião, o Ministério da Defesa havia feito para adquirir um satélite do tipo.
REVISTA FÓRUM.

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