Com o apoio de Bolsonaro, que “distribuiu” dinheiro à vontade, Arthur Lira é eleito presidente da Câmara.
Por Redação Ucho.Info/02 de fevereiro de 2021.
A eleição em primeiro do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara dos Deputados – por 302 votos contra 145 de Baleia Rossi – não apenas leva o Centrão ao comando da Casa legislativa, mas faz o presidente Jair Bolsonaro refém do bloco partidário que, independentemente de ideologia, sempre existiu à sombra do fisiologismo criminoso.
Para garantir a vitória de Lira, o presidente da República liberou R$ 3 bilhões em emendas parlamentares para entusiastas (sic) da candidatura do agora comandante da Câmara, o que por si só configura crime de responsabilidade.
Além disso, Bolsonaro prometeu cargos no primeiro escalão do governo (leia-se ministérios) e em estatais, como forma de garantir a aprovação de medidas de interesse do governo e impedir que avance ao menos um dos 56 pedidos de impeachment que repousam na Câmara.
O primeiro discurso oficial de Arthur Lira como presidente da Casa foi protocolar e com promessas na direção das reformas, da democracia, das causas sociais e do respeito à legislação vigente no País, mas quem conhece o modus operandi do Centrão sabe que essa retórica de encomenda tem prazo de validade curto.
Caso descumpra o combinado com o Centrão e mantenha a decisão de não criar novos ministérios e não promover reforma ministerial, como declarou na última semana, Bolsonaro terá sérios problemas pela frente, já que políticos, em especial os fisiologistas, não perdoam traições e acordos quebrados.
Para tentar chegar incólume em 2022, se é que isso será possível, Bolsonaro terá de rasgar mais uma vez o discurso pretérito contra o “toma lá, dá cá” e o que chamou de “velha política”.
Em 2020, quando a possibilidade de um pedido de impeachment avançar na Câmara dos Deputados passou a preocupar o Palácio do Planalto, o presidente da República “atirou-se no colo do Centrão”, que a partir daquele momento passou a fazer as vontades do Palácio do Planalto, com direito a contrapartida.
É importante destacar que o próprio Jair Bolsonaro, nos tempos de falso bom-mocismo, disse que se oferecesse cargos e ministérios em troca de apoio no Parlamento estaria incorrendo em crime de responsabilidade, como prevê o artigo 85 da Constituição Federal.
Sem se ater às próprias palavras, o que tornou-se comum desde o início do mandato, Bolsonaro ficará à vontade a partir de agora para continuar cometendo crimes de responsabilidade, pois os presidentes da Câmara e do Senado já se declararam contra o impeachment.
Ou seja, a legislação brasileira será violada aos bolhões, com os proxenetas da política fingindo que tudo é possível.
Além disso, Lira já disse que não aprovará a criação de uma CPI da Covid-19.
Ainda é possível evitar o pior, mas para tal a parcela de bem da dos brasileiros precisa se movimentar com urgência e passar a pressionar, de forma vigilante, os deputados federais, que em troca de cargos são capazes de tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário